Nesta edição Brasília: o que o Agro precisa saber, a semana começou com Brasília tentando respirar, mas o agro não teve descanso: o leite dominou a agenda estadual e federal, transformando Santa Catarina no epicentro de um debate que ganhou microfone, microcâmara e indignação. Na Alesc, mais de 700 pessoas, entidades, deputados e produtores lotaram o auditório pedindo mais do que discursos: medidas urgentes.
Enquanto isso, o Congresso travava o PL Antifacção, com direito a quatro versões de relatório, emenda anti-MST e mudança de pauta de última hora. O setor cervejeiro comemorou a projeção de recorde histórico de cevada em 2025, e a COP30 entrou no radar com articulação catarinense por crédito de carbono menos burocrático e financiamento internacional direto ao produtor. A semana encerra com um recado claro: o agro não está só plantando – está cobrando, exigindo e rearrumando o tabuleiro político. A próxima semana promete mais Brasília do que Brasília consegue suportar.
Por Letícia Schlindwein da Agro Agência Catarina — direto de Brasília

Leite fervendo: Santa Catarina puxa o país para o debate
A Audiência Pública do dia 12 na Alesc escancarou o colapso da cadeia leiteira. O setor exige:
- Freio às importações
- Preço mínimo
- Acesso a crédito
- Proteção à indústria local
- Medidas federais coordenadas e urgentes
O recado foi uníssono: o produtor está pagando para trabalhar e está perto do limite.
Brasília: genética, CPI e projeto contra leite reconstituído
No Legislativo federal, o tema também avançou:
- Debate sobre genética leiteira e acesso das pequenas propriedades a embriões;
- Movimento para instalação da CPI do Leite;
- Apresentação de projeto proibindo reconstituição de leite importado para consumo.
Governo de SC ativa Câmara Setorial e mira incentivos
A Sape reativou a Câmara Setorial do Leite e revisou ações do programa Leite Bom SC, garantindo crédito subsidiado, incentivos tributários e planejamento de médio prazo. Aquecimento político e técnico – agora falta execução.
Campo + Indústria: a cevada cresce, e o Brasil festeja
- 516,5 mil toneladas previstas em 2025: o maior volume já registrado;
- Crescimento impulsionado pelo Sul, cooperativas e maltarias;
- Ambev reúne 600 produtores no RS e apresenta cultivar 16% mais produtiva.
Ainda dependemos de importação, mas agora dá para dizer que tem cevada brasileira subindo a caneca.
COP30: Mauro de Nadal e os três recados de Santa Catarina
Na COP30, Santa Catarina não foi para bater palma, foi para bater na mesa.
As três propostas levadas pela Frente Parlamentar catarinense:
- Fundo internacional direto ao produtor preservador
- Isenção tributária para energia limpa
- Compensação para municípios com áreas protegidas e abastecimento hídrico
O deputado Mauro de Nadal resumiu o saldo: missão cumprida, agora a fase é cobrar.
PL Antifacção – perto de votar, longe de consenso
A Câmara remarcou a votação para semana que vem após divergências internas no governo e pressão da oposição.
Pontos de atrito:
- Definição de “facção criminosa”
- Uso de drones
- Destinação de bens apreendidos
- Emenda de Pedro Lupion incluindo invasões rurais dentro do PL
O senador ruralista resume o clima:
“Se é crime organizado, o MST também precisa estar no texto.”
Santa Catarina — institucional e em movimento
SC termina a semana articulada:
- Faesc, Fetaesc, Ocesc e Sindileite falando a mesma língua;
- Alesc com Grupo de Trabalho do leite já atuando;
- Cooperativas e municípios mobilizados no Extremo Oeste;
- Sebrae reforçando turismo, gestão e empreendedorismo rural.
Tá Quanto? — Indicadores (YTD)
| Indicador | Valor | Variação YTD |
| Ibovespa | 141.708,19 | +19,55% |
| ABEV3 | R$ 11,72 | +5,35% |
| BEEF3 | R$ 6,46 | +35,71% |
| Milho (Cepea) | R$ 62,80/sc | –7,13% |
| Soja (Cepea) | R$ 128,50/sc | +1,80% |
| Bitcoin | US$ 121.572,69 | +23,92% |
| Ethereum | US$ 4.365,81 | +21,10% |
Radar do Agro
Segunda-feira (17/11): O Governo de Santa Catarina deve apresentar o cronograma para a implementação efetiva da Câmara Setorial do Leite. A expectativa é definir prazos, responsáveis e entregas – especialmente sobre preço mínimo, crédito e proteção à indústria local. Se houver sinalização concreta, já muda o humor dos produtores.
Terça-feira (18/11): A Câmara dos Deputados vota o PL Antifacção em pauta única. O texto inclui definição legal para facções e novas penas – mas o protagonismo do dia será emenda que inclui invasões rurais (caso MST) no escopo. Se aprovada, muda a dinâmica jurídica das ações no campo e das políticas fundiárias.
Quarta-feira (19/11): A CAPADR – Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural avança no relatório sobre políticas de melhoramento genético bovino, focando acesso à tecnologia para pequenas propriedades. O relatório pode ser o embrião de um novo programa federal estruturante.
Quinta-feira (20/11): O Senado retoma o debate do Plano Safra 2025/26, com foco em orçamento, equalização dos juros e sustentabilidade. Bancadas querem prioridade para crédito rural e irrigação, mas há divergência sobre fontes de financiamento. O agro acompanha porque é ali que se define margem, risco e planejamento acompanha.
Sexta (21/11): O STF segue o julgamento da Moratória da Soja, que proíbe a compra de soja produzida em áreas desmatadas na Amazônia após 2008. A decisão tem impacto direto na rastreabilidade, exportações e compliance ambiental – especialmente para o Sul, que depende de previsibilidade jurídica.
Visão da Semana: o agro dobrou a aposta
O agro não pediu licença nesta semana – exigiu prioridade. SC colocou o leite na vitrine, o Congresso sentiu o peso, o STF voltou ao jogo climático e o PL Antifacção virou um espelho incômodo: quem invade terra tem nome e vai responder perante a lei. E enquanto Brasília debate, o campo produz. Porque para o agro catarinense e brasileiro não existe feriado. Existe propósito.





