A Polarização como novo normal: no Chile, no Brasil e no mundo. Por Guilherme Pontes

Artigo de Guilherme Pontes, marqueteiro, consultor político e eleitoral.

As eleições presidenciais chilenas, marcadas para este final de semana, transcendem o status de um mero evento político doméstico e consolidam a tendência de transformações discursivas que redefinem a política na América Latina e no mundo. A disputa acirrada entre a candidata comunista Jeannette Jara e os expoentes da extrema-direita, José Antonio Kast e Johannes Kaiser, não é apenas um “tira-teima” ideológico pós manifestações de 2019, mas o sintoma de um fenômeno mais profundo: a consolidação da polarização como a nova normalidade das disputas eleitorais. 

Para profissionais de marketing político, assessores de comunicação e candidatos, o cenário chileno serve como um laboratório em tempo real, antecipando as narrativas, os dilemas e as estratégias que provavelmente dominarão o ciclo eleitoral de 2026 no Brasil. Um destaque para o fortalecimento da tese de que temas e estratégias racionais dão espaço para a ascensão de temas emocionais. 

Neste sentido, o principal tema da polarização chilena em 2025 não é um debate abstrato sobre modelos econômicos, mas uma emoção primária e visceral: o medo. A segurança pública se consolidou como a pauta definidora da eleição, um campo onde a direita não apenas se sente confortável, mas exerce um domínio da narrativa. Segundo dados da pesquisa Ipsos, 61% dos chilenos consideram a falta de segurança o maior problema do país, uma percepção alimentada pelo aumento real da criminalidade, com o dobro de homicídios e uma alta histórica nos sequestros.

A polarização deixou de ser uma estratégia para se tornar o próprio terreno onde o jogo é jogado. Para os profissionais de marketing político, as lições são claras e urgentes. O centro político, como espaço de moderação e consenso, está em franco declínio, e as campanhas vitoriosas serão aquelas que melhor souberem mobilizar suas bases em torno de identidades e emoções fortes. 

As estratégias que definirão o futuro político do Brasil em 2026 estão sendo testadas, hoje, do outro lado dos Andes, e estar desatento aos movimentos e resultados, não é uma opção para quem deseja compreender e influenciar o próximo pleito eleitoral no Brasil.

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