Artigo de Maria Tereza Capra, Secretária de Mulheres do PT de Santa Catarina

Falar sobre a participação das mulheres na política é falar sobre coragem, resistência e transformação. Nós, mulheres, sempre estivemos presentes nos espaços de luta, mas ainda enfrentamos barreiras profundas para ocupar plenamente os espaços de decisão. A política, por muitos anos, foi moldada por estruturas que reforçam desigualdades e limitam nossa voz. E é justamente por isso que nossa presença é tão necessária, porque quando uma mulher chega, ela não chega sozinha: ela abre caminhos.
Em novembro de 2022, após a vitória do presidente Lula no segundo turno das eleições, vivi um dos episódios mais dolorosos e, ao mesmo tempo, mais reveladores da minha trajetória política. Ao denunciar uma saudação pública com referência ao gesto nazista “sieg heil” em São Miguel do Oeste, cumpri meu dever como cidadã e como vereadora eleita para defender a democracia. Em resposta, fui alvo de um processo político profundamente injusto, que culminou na cassação do meu mandato em fevereiro de 2023. Aquela decisão buscou silenciar não apenas a mim, mas todas as mulheres que ousam levantar a voz contra o ódio, a intolerância e o autoritarismo.
No entanto, a verdade prevaleceu. Recentemente, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina anulou o processo por quebra de decoro parlamentar que havia levado à minha cassação. Essa decisão não repara apenas uma injustiça individual; ela reafirma que não há democracia possível quando mulheres são perseguidas por denunciar violações de direitos humanos. Ela demonstra que a política não pode ser usada como instrumento de vingança ou intimidação, especialmente contra mulheres que lutam por justiça.
Às vésperas das eleições do ano que vem, esse episódio reforça uma certeza: a participação das mulheres é decisiva para o futuro do país. Somos nós que carregamos a experiência concreta da vida cotidiana, que compreendemos a urgência das políticas de cuidado, que sabemos o significado de lutar por dignidade em meio às desigualdades. E, sobretudo, somos nós que temos mostrado, em cada canto do Brasil, que é possível fazer política com ética, com afeto e com compromisso real com a democracia.
As eleições que se aproximam exigem coragem e presença ativa. Precisamos de mais mulheres na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal, nas câmaras municipais, nas prefeituras, nos movimentos sociais e nas direções partidárias. Precisamos de mulheres que não se calam, que não se curvam e que se reconheçam como parte de uma história em construção. Porque quando fortalecemos a participação das mulheres, fortalecemos a democracia. E quando fortalecemos a democracia, garantimos que nenhum gesto de ódio, de autoritarismo ou de perseguição possa calar nossa voz novamente.
Sigamos em frente, com coragem, determinação e ousadia! A política que queremos e merecemos é o nosso lugar!







