Caminhamos para a última semana de novembro – aquela fase do calendário em que Brasília finge que está trabalhando, a COP30 tenta provar que sabe organizar eventos e a COP11, do tabaco, tenta convencer o mundo a parar de fumar enquanto delegações inteiras fazem fila lá fora… para fumar.

Pois é. A política internacional virou performance coletiva: fala-se em saúde, sustentabilidade e transição justa – tudo enquanto bitucas se acumulam numa calçada suíça coberta com plástico preto para esconder a ironia.
E como se o espetáculo global não fosse suficiente, o Brasil colecionou manchetes internacionais por motivos bem… inflamáveis: um incêndio no pavilhão da COP30, em Belém, colocou literalmente fogo no “palco da diplomacia climática” e Lula ignorou o assunto enquanto celebrava o fim das tarifas americanas como quem comemora gol no último minuto.
E como se não bastasse: governo americano reduz tarifa para café, carne e produtos agrícolas, mas a indústria catarinense que mais exporta madeira, motores e máquinas? Ficou de fora da festa. Nem cafezinho de consolo.
De tabaco proibido a incêndio oficial, de transição assistida a tarifa americana, de filtros em debate a filtro solar no deserto de opiniões – o agro segue no centro da geopolítica, com Santa Catarina observando tudo, calculadora na mão e cooperativismo no DNA.
Vamos aos fatos.
COP11 – A conferência onde ninguém fuma… só na teoria
A 11ª Conferência das Partes (COP11) da CQCT – Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, em Genebra, entrou em sua reta final e virou estudo de caso de ironia aplicada à diplomacia: participantes saindo do plenário para fumar, lixeiras cheias de bitucas cobertas com plástico preto e uma placa proibindo cigarro no local… ignorada por grupos inteiros que fumavam a poucos metros do aviso.
Enquanto isso, o Ministério do Desenvolvimento Agrário defendeu oficialmente uma “transição voluntária e assistida” para os fumicultores – ideia vendida como suave, mas recebida com cautela pelo setor.
Celles Regina de Mattos, presidente da Cidasc – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina, fez o contraponto técnico e direto:
“O Brasil não pode ser o boi de piranha.”
Ao mencionar a proposta de retirar filtro de cigarro, defendida por delegações e apontada, erroneamente, como iniciativa brasileira, Celles alertou que isso fortalece o mercado ilegal, impacta mais de 130 mil famílias produtoras e ignora a cadeia tecnificada construída ao longo de décadas. E para fechar o capítulo com precisão documental: a CONICQ – Comissão Nacional para Implementação da CQCT publicou nota negando que o Brasil tenha sido autor da proposta, dizendo que ela vem do Canadá – uma tentativa tardia de controle de dano narrativo.
COP30 — Quando o discurso pega fogo antes da agenda
Se a COP11 foi palco da contradição, a COP30 virou pauta pelas razões erradas: um incêndio na Blue Zone, pavilhão onde ocorriam negociações oficiais em Belém, provocou correria, suspensão de painéis e manchetes internacionais classificando o evento como “mergulhado no caos”.
As críticas vieram antes mesmo do fogo: falta de infraestrutura, alojamentos caros, falhas elétricas, filas e banheiros sem água.
O presidente Lula?
Preferiu falar de tarifas americanas, automóveis e selfies com CEOs – ignorando o incêndio que virou trend internacional.
E quem salvou a imagem do Brasil?
O setor agropecuário, com a AgriZone, espaço organizado por Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e setor privado. Estrutura, agenda e técnica. Sem fumaça. Sem pane elétrica. Sem caos.
Tarifa americana cai, mas Santa Catarina não entra na lista
Trump derrubou a tarifa extra de 40% para carne, café, frutas e cacau – um alívio para o agro brasileiro e para a diplomacia, segundo o governo.
Mas a lista trouxe alerta: Santa Catarina ficou de fora onde mais precisava.
O estado, que exporta madeira processada, máquinas, motores, peças automotivas, não foi contemplado e segue entre os cinco estados mais afetados pelo tarifaço original.
Enquanto o governo federal comemora diplomacia, o setor industrial catarinense segue com calculadora na mão e sobrancelha levantada.
Plano Clima – Desmatamento sai das costas do produtor
O Ministério do Meio Ambiente aceitou criar um 8º plano setorial exclusivo para emissões de desmatamento em imóveis rurais — retirando essa responsabilidade diretamente da agricultura na contabilidade climática.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi claro:
“Não faz sentido ter decisão política em tema técnico.”
Ou seja: o Plano Clima não foi anunciado de forma “impositiva” na COP – mas em construção conjunta com o setor produtivo.
Finalmente, o agro deixa de ser o vilão oficial da floresta, pelo menos na planilha do governo.
Cooperativismo catarinense – longe do caos, perto da comunidade
Enquanto o mundo debate filtros, incêndios e tarifas, Santa Catarina segue fiel ao seu DNA: cooperar.
O Sicoob MaxiCrédito, fundado em 1984 e hoje quarto maior do Sistema Sicoob – Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil, completou 41 anos de história no dia 16 de novembro.
São:
- 102 pontos de atendimento
- 260 mil associados
- Presença física e digital
- Fundo social que já destinou R$ 8 milhões a mais de mil entidades
Quando o mundo complica, o cooperativismo simplifica:
olho no olho, território, confiança e resultado.
Novembro acaba, o agro continua
Entre cigarros proibidos consumidos em massa, incêndios imprevistos, tarifas removidas seletivamente e planos climáticos adiados para não virar decisão política à força, fica a síntese da semana:
🌱 O discurso muda rápido.
📈 A diplomacia muda devagar.
🚜 O agro continua entregando.
E Santa Catarina?
Assiste tudo com a calma pragmática de quem aprendeu cedo que decisão internacional mexe com a produção local, mas é o cooperativismo que mantém o rural de pé.
Segunda-feira começa com fumaça, dólar volátil e diplomacia em modo performance.
E nós seguimos acompanhando.





