Peça gratuita em Florianópolis vai discutir cotidiano de quem vive com HIV

O Teatro da Ubro, no Centro de Florianópolis, será o palco de uma importante discussão sobre o cotidiano de pessoas vivendo com HIV. Nesta segunda-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra a AIDS e início do Dezembro Vermelho, será apresentada a peça gratuita “Vírus-território: Um lugar de memória, afeto e fabulação de futuros possíveis”.

A apresentação artística promete envolver o público em um debate essencial sobre a doença e o combate ao estigma. O espetáculo terá duas sessões, às 18h e às 20h, marcando oficialmente o mês de alerta e conscientização.

Há mais de 40 anos, a epidemia de AIDS assusta e impacta a sociedade global. Tradicionalmente, o Dezembro Vermelho mobiliza ações de rua e distribuição de materiais informativos para prevenção.

No entanto, em 2025, um grupo potente de ativistas e artivistas de Florianópolis resolveu levar a conscientização para o palco. Eles celebram a memória, o afeto e a resistência com uma peça de teatro inédita, transformando suas próprias histórias em arte.

Um Espetáculo Necessário: “Vírus-território”

O projeto central do Dezembro Vermelho na capital catarinense é o espetáculo. A peça, composta por esquetes, algumas escritas pelos próprios protagonistas, é dirigida pelo teatrólogo e professor Emmanuel Faria, uma pessoa que vive com HIV e tem sorologia pública.

A produção reúne um elenco multidisciplinar e ativista, incluindo o diretor Emmanuel Faria, a ativista Laurinha Brelaz, a jornalista e artivista Letícia de Assis, os psicólogos Edna Cristina e Edson Mendonça, a antropóloga Marina Oliveira, o professor e músico Tatá Alves, e o artista gráfico Yon Torres.

“Foram quase quatro meses de encontros, trocas, afetos e memórias compartilhadas, que resultaram em um processo construído coletivamente, com muita entrega e sensibilidade”, detalha Emmanuel, que em 2024 já havia atuado pelas ruas com o Projeto Re-Agente.

Memória, Afeto e Transformação

A peça é um convite urgente a atravessar realidades delicadas. A jornalista Letícia de Assis (também influenciadora pelo canal “Tá Boa, Bunita?”) ressalta a profundidade pessoal da obra: “Parte das minhas falas são inspiradas na minha vida, no momento em que descobri ter sido infectada pelo HIV em um relacionamento abusivo. Vai ser difícil segurar a emoção no palco.”

Para Laurinha Brelaz, que assina e atua no monólogo de encerramento, o espetáculo é um “encontro entre passado e futuro, onde a minha história e outras histórias são atravessadas pelo HIV e se desdobram em poesia, humor, coragem, feridas antigas e possibilidades de renascimento.”

Mais que uma obra cênica, Vírus-território é um gesto coletivo de cuidado, uma afirmação de vida e um chamado para imaginar futuros onde o conhecimento cura, o amor acolhe e a arte desarma.

  • Financiamento: O espetáculo foi viabilizado pelo Circuito Catarinense de Cultura, com verba do Governo do Estado de Santa Catarina (via FCC), utilizando recursos do Governo Federal e da Política Nacional Aldir Blanc.

Promovendo um mês de conscientização mais acolhedor e inclusivo, outras iniciativas também merecem destaque:

  1. Cine Debate “Criando Pontes”
    • O que é: Exibição gratuita de dois curtas do projeto “Criando pontes: mulheres, arte e interseccionalidade na luta contra o HIV/AIDS”.
    • Quando e Onde: Dia 08/12, no Bugio Centro.
    • Debate: Mediado pela autora Letícia de Assis, pela equipe do Gabinete da Vereadora Ingrid Sateré Mawé (PSol-SC) e pela psicóloga Marília de Souza Silveira, presidente do GAPA-SC.
  2. Roda de Conversa GAPA-SC
    • O que é: Debate sobre a série “Máscaras de Oxigênio não cairão Automaticamente” (Globoplay).
    • Quando e Onde: Dias 04, 11 e 18 de Dezembro, às 19h, no Sapateco Bar (Campeche).
    • Público: Aberto à participação de ativistas, pesquisadores e público em geral.

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