Metrópoles aponta que Seif paga R$ 31 mil a dona de loja que “nunca foi vista” no Senado; senador nega irregularidade

Uma investigação publicada na quarta-feira pelo portal Metrópoles colocou o gabinete do senador catarinense Jorge Seif (PL) no centro de uma polêmica envolvendo o uso de verba de pessoal. Segundo a reportagem assinada por Luciana Saravia e Gabriel Buss, o senador mantém em sua folha de pagamento uma assessora com salário bruto de mais de R$ 31 mil que, simultaneamente, atua como proprietária de uma loja de roupas em feiras do Distrito Federal.

Reportagem do Metrópoles aponta que Jorge Seif paga R$ 31 mil a dona de loja que "nunca foi vista" no Senado; senador nega irregularidade
Foto: Edilson Rodrigues, Agência Senado.

De acordo com a apuração do portal nacional, a servidora Adna dos Anjos Cajueiro ocupa cargo comissionado no gabinete de Seif desde 2023. A reportagem do Metrópoles destaca que esteve no gabinete do senador em Brasília em mais de uma ocasião nos últimos meses. Nessas visitas, a equipe do parlamentar afirmou não conhecer a assessora ou sugeriu que ela trabalhasse em “outro setor”, levantando suspeitas sobre sua frequência.

A publicação detalha o que considerou uma ascensão salarial vertiginosa da servidora. Contratada inicialmente em outubro de 2023 com vencimentos na casa dos R$ 2 mil recebeu sucessivos aumentos. No último, em setembro, ela passou a receber R$ 31.279,53 na folha salarial do Senado.

Paralelamente à função no Legislativo, o Metrópoles identificou que a assessora abriu um CNPJ em julho deste ano para a loja “Atacadão Goiano”, localizada na Feira dos Goianos, em Taguatinga (DF). A reportagem flagrou, inclusive, a abertura de uma segunda unidade da loja durante a última Black Friday, em Ceilândia, ocasião em que a própria servidora estaria trabalhando no comércio.

O que diz Jorge Seif

Questionado pelo portal nacional, o gabinete de Jorge Seif alegou, via Lei de Acesso à Informação, que Adna é dispensada do controle de ponto biométrico e que sua frequência é atestada via sistema, sob a justificativa de que ela desempenha “missões externas”.

Em nota enviada ao Metrópoles, Seif afirmou que Adna trabalha com ele desde a época em que foi Ministro da Pesca, no governo Jair Bolsonaro, e defendeu a competência da servidora. No entanto, o senador declarou desconhecer a atividade empresarial paralela da funcionária. Segundo a publicação, Seif classificou o fato de a servidora ser empreendedora como “incompatível com a legislação” e deu um prazo de cinco dias para que ela regularize a situação, sob pena de exoneração.

A versão da servidora

O Metrópoles também ouviu Adna Cajueiro. A assessora confirmou ao portal que realiza missões externas para o senador e negou ser funcionária fantasma. Sobre o comércio, ela alegou ter registrado a empresa apenas para auxiliar a família e disse desconhecer a incompatibilidade com o cargo público. Após o contato da reportagem, ela informou ter dado baixa no CNPJ.

COMPARTILHE
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit