Pesquisador da UniSul/Inspirali recebe prêmio internacional por estudo que reforça segurança e eficácia da acupuntura contra a depressão

Análise recebeu Menção Honrosa no Prêmio Científico da International Society for Complementary Medicine Research (ISCMR), principal organização internacional de Medicina Integrativa e Complementar

Um estudo liderado pelo professor de Medicina Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues, da UniSul/Inspirali, foi reconhecido com Menção Honrosa no Prêmio Científico da International Society for Complementary Medicine Research (ISCMR), principal organização internacional de Medicina Integrativa e Complementar. O reconhecimento destaca uma pesquisa que comprova os benefícios da acupuntura auricular como intervenção segura e potencialmente eficaz no tratamento da depressão.

A pesquisa, intitulada “Efficacy and safety of auricular acupuncture for depression: a randomized clinical trial”, foi publicada na revista científica JAMA Network Open, em 2023. O resultado é da tese de doutorado do professor, realizada no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O estudo foi desenvolvido em parceria com pesquisadores das duas universidades.

Os dados da pesquisa mostraram que a acupuntura auricular é segura para pacientes com depressão e pode reduzir sintomas do transtorno, que cresce em frequência nas unidades de saúde, segundo o Ministério da Saúde. A técnica, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006, já é usada na rede pública.

O estudo financiado pela FAPESP foi realizado entre março e julho de 2023. Nele, 74 pacientes com depressão moderada ou moderadamente grave foram acompanhados. Nenhum deles havia feito acupuntura auricular antes e todos mantiveram seus tratamentos habituais. Eles participaram de 12 sessões de 15 minutos ao longo de seis semanas. A idade média era de 29 anos e a maioria era de mulheres.

Os voluntários foram divididos em dois grupos: um recebeu acupuntura auricular específica, com estímulo a seis pontos associados à depressão segundo a medicina tradicional chinesa; o outro passou por aplicações em áreas que não têm relação com sintomas de saúde mental. A avaliação ocorreu em quatro semanas, seis semanas e três meses.

Resultados e desafios da saúde pública

Ao final, 58% dos pacientes tratados com a técnica específica tiveram redução de pelo menos 50% nos sintomas. No grupo controle, esse índice foi de 43%. A diferença não foi estatisticamente significativa, mas trouxe sinais promissores. Após quatro semanas, o grupo da técnica específica mostrou maior recuperação e remissão da doença. Três meses depois, essa diferença se ampliou.

“Quase 60% das pessoas se recuperaram, número semelhante ao de medicamentos. Além disso, 46% desses participantes relataram não ter mais sintomas, contra 13% do grupo que recebeu a técnica não específica. Para comparação, a taxa de remissão com fármacos gira em torno de 35%”, explica o professor da UniSul/Inspirali.
Outro ponto relevante foi a segurança. Não houve efeitos adversos severos. A maioria relatou apenas dor leve no local da aplicação da agulha: 94% no grupo específico e 91% no grupo controle. “Isso evidencia a segurança da intervenção por mais de seis semanas”, afirma Rodrigues.

Segundo a OMS, mais de um bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de transtorno mental. Porém, de acordo com o órgão, há um desafio em implementar políticas e programas de saúde mental na rede pública de saúde. O Brasil está em primeiro lugar com o maior índice de depressão da América Latina, doença que afeta 5,8% da população, o que significa 11,7 milhões de pessoas no país.

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