A dez meses da eleição, Lula e Flávio cruzam 2025 praticamente juntos no digital: o ranking dos presidenciáveis no Instagram

Faltam dez meses para o Brasil escolher seu próximo presidente. Esse dado, por si só, muda completamente a leitura do gráfico de 2025. Não se trata de retrospectiva, é o cenário se movimentando.

O que os números mostram é um ano de aceleração geral nas redes. Lula acelerou. A direita acelerou. Os pré-candidatos entenderam que 2025 não era mais aquecimento, era construção efetiva de posição. Nesse contexto, o desempenho do presidente foi forte, especialmente no meio do ano. Houve crescimento consistente, picos claros de engajamento e domínio da agenda digital durante alguns meses. Lula jogou como incumbente e tirou proveito disso.

O problema para o Planalto não está no que aconteceu até aqui, mas em como o ano termina. O ritmo de Lula cai conforme o calendário avança. Não há colapso, mas há desaceleração.

Flávio Bolsonaro fecha o ano exatamente no ponto sensível dessa curva. Já vinha em trajetória positiva e, após o endosso explícito do pai como pré-candidato, consolida de vez sua presença digital. O efeito foi imediato. Engajamento em alta, crescimento contínuo e um dado que chama atenção até para quem olha apenas números brutos: Flávio e Lula terminam 2025 praticamente empatados em engajamento total.

A diferença está na forma. Flávio publica muito mais. Sua média por postagem é menor, mas a cadência é agressiva e constante. Lula, com menos posts, mantém médias altas, porém perde velocidade ao final do ano. O resultado é um empate técnico no agregado, algo impensável doze meses atrás.

Evolução do engajamento durante o ano de 2025 dos presidenciaveis.

Evolução do engajamento no instagram durante o ano de 2025, acumulado. As duas linhas que dominam o gráfico são Flávio e Lula. Os dados brutos estão ao fim do texto. A linha descolada ao centro é Tarcisio.

O movimento mais relevante, no entanto, aparece quando se amplia o quadro. Somados os candidatos, a direita domina com folga o campo digital. Essa força não é centralizada, nem homogênea. Ela se distribui pelos estados, pelas lideranças regionais e por públicos distintos. É uma ocupação capilar, que não depende de um único nome nacional para funcionar.

Ratinho Junior apresenta números expressivos, mas com limite visível. Sua força é real no Paraná, onde seus resultados são excelentes. Fora dali, a comunicação encontra dificuldade para ganhar tração. A média baixa, apesar do alto número de postagens, revela esse gargalo.

Tarcísio Gomes de Freitas mantém uma trajetória sólida e previsível. Comunicação regular, números consistentes e foco claro em São Paulo. Não há explosão, nem queda. Suas redes cumprem bem o papel estadual, mas ainda não operam como plataforma nacional.

Romeu Zema merece atenção especial. Seu engajamento cresceu 148% em relação a 2024. É o maior salto proporcional entre todos os nomes analisados. Ainda não é competitivo no volume absoluto, mas a mudança de patamar é evidente. Para efeito de comparação, Lula cresce cerca de 20% no mesmo período e Caiado, 55%. Zema foi quem mais avançou em aprendizado e ajuste de estratégia.

Renan Santos entra no radar pelo timing. Só ativa suas redes de forma consistente no segundo semestre e, mesmo assim, já entrega metade do engajamento de Ratinho Junior, sem ocupar cargo executivo estadual. Tem poucos seguidores comparado com os concorrentes, mas cresce rápido e com coerência. É um nome que tende a surpreender nos primeiros meses do próximo ano.

O pano de fundo de tudo isso é claro. Flávio Bolsonaro herdou o ativo digital do pai. Mais de um milhão e meio de novos seguidores em um único ano não surgem do nada. São transferência de base, reconhecimento de liderança e reorganização do campo bolsonarista em torno de um novo vetor.

Com dez meses até a eleição, o retrato é este: Lula teve um ano digital forte, mas termina 2025 pressionado por um adversário direto e por um ecossistema de direita muito mais amplo, ativo e territorializado. O jogo está longe de decidido, mas já não é confortável para quem ocupa o Planalto, pelo menos nas redes.

Ranking de engajamento orgânico no instagram.
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