Espumante sem frescura (mas com charme): dicas para o brinde de fim de ano

Chegamos à semana mais esperada: aquela que junta verão, festas de fim de ano e muitos brindes. Aí a gente acrescenta panetones, amigos secretos e aquela garrafa de espumante geladinha. Ô delícia!

O problema é que muita gente fica perdida nessa hora. Como escolher? Como servir? Será que falei o nome certo?

A boa notícia: não precisa de cerimônia. Só de um pouco de atenção e disposição pra aprender o básico. A seguir, trago algumas dicas úteis pra você brindar aproveitando melhor cada taça e sem muita complicação. 

1. Rolha não é rojão

Eu sei que abrir espumante pode ser emocionante. Mas se a rolha voar no teto ou no rosto de alguém, a festa pode acabar antes do previsto. 

Segura a garrafa num ângulo de 45 graus, dedão firme sobre a rolha para garantir que ela só vai sair de lá quando você deixar. E ai, vai girando a garrafa com calma até a rolha “se soltar”. O som ideal é um leve suspiro, tipo “pshh”, mas não se preocupe se fizer um pequeno estouro. Ritual digno, sem sustos, sem afetação.

2. Não tenho taça de espumante, e agora?

Você ouviu a vida inteira que espumante se bebe na flute (aquela bem fininha, comprida). Mas a flute, apesar de manter as bolhas por mais tempo, esconde os aromas. Já a taça de vinho branco, que você provavelmente tem em casa, deixa os aromas aparecerem e ainda tem estilo. Então se joga, sem medo. 

E antes que alguém pergunte: a taça coupe, aquela rasinha de filme antigo, é linda. Mas é mais decoração do que funcional. Dissipa as bolhas num piscar de olhos. Se for apenas uma tacinha para brinde, eu acho até elegante.

Da esquerda para a direita: a clássica “flute”, a taça de vinho branco que salva qualquer festa e a “coupe” pra dar uma bossa se for um brinde único

3. Olho na perlage

Sim, dá pra avaliar a qualidade do espumante só observando. A “perlage” é o nome técnico pras bolhinhas que sobem na taça. E quanto mais finas, numerosas e persistentes, melhor.
Se parecer refrigerante, cheio de bolhas grandes grudadas ao redor da taça, pode ter certeza de que não escolheu o melhor rótulo. 

Esse detalhe visual está ligado à forma como o espumante foi produzido. Em geral, métodos mais elaborados (como o tradicional, com segunda fermentação na garrafa) produzem bolhas mais delicadas. Mas isso já é papo pra outro brinde.

A diferença é nítida: na esquerda, a perlage fina e delicada de um espumante de qualidade. Na direita, as ‘bolhas de refrigerante” de um espumante ruim.

 4. Vai beber “champanhe”, tem certeza?

Vamos resolver isso de uma vez: champagne é uma denominação de origem da França, produzida exclusivamente na região de Champagne, com regras bem específicas. Tudo o que vem de fora – inclusive do Brasil – é espumante.

E aqui vai mais uma correção elegante pra quem gosta de acertar: o certo é dizer “vou beber um espumante”. No masculino mesmo, porque espumante é um tipo de vinho. Ou seja: “um vinho espumante”, assim como “um vinho branco”, “um vinho tinto”.

Então, vamos garantir que você não cometa a maior gafe neste contexto: evite usar “champanhe” como sinônimo genérico de tudo que borbulha. 

Para fechar, uma dica de ouro: escolha brasileiro

Se tem um tipo de vinho que o Brasil sabe fazer bem, é espumante. No cenário nacional, têm destaque os espumantes gaúchos, especialmente da região de Pinto Bandeira – primeira D.O. (selo que destaca a Denominação de Origem) exclusiva de Espumantes no Novo Mundo. Santa Catarina não fica atrás e oferece excelentes opções feitas desde a serra até a região oeste. 

(Aliás, falei aqui sobre os catarinenses que ganharam medalha de ouro no Concurso Nacional de Espumantes este ano, lembra?)

Pensando em um giro mais abrangente, também temos ótimas opções em todo o Brasil. Recentemente experimentei espumantes da Bahia e do Paraná que, em um mundo perfeito, poderiam estar no meu café da manhã diário.

Quer deixar seus brindes alegres e elegantes: Valorize o que é nosso.
Brindar com espumante brasileiro é mais do que tendência: é bom gosto.

Tim tim e um ótimo fim de ano!

Beatriz Cavenaghi é jornalista, doutora em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e sommelière pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SC). @beacavenaghi no Instagram

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