Reputação não entra em recesso: o que fazer agora para não pagar a conta em 2026

Reputação também é atitude. Por isso, a última coluna do ano traz menos retrospectiva e mais provocação: o que você, de fato, pretende fazer para proteger e fortalecer sua reputação em 2026?

Não é segredo para ninguém que o próximo ano promete ser mais duro. Eleições gerais, polarização política elevada, vigilância permanente das redes sociais e uma sociedade cada vez menos tolerante criam um ambiente no qual erros custam mais caro e permanecem mais tempo em circulação. Nesse cenário, tratar reputação como algo acessório deixa de ser descuido e passa a ser risco.

Sabemos que reputação se constrói no dia a dia, mas essa frase, repetida à exaustão, costuma esconder a pergunta mais importante: o que exatamente observar para evitar ruídos e manter uma percepção positiva junto a clientes, parceiros, colaboradores, formadores de opinião e demais públicos?

A primeira palavra-chave para 2026 é coerência. Bons conteúdos, vídeos que viralizam, campanhas bem produzidas e discursos inspirados podem até gerar atenção, mas, sozinhos, não sustentam reputação. Se aquilo que se comunica não encontra respaldo na prática, o efeito costuma ser o oposto do desejado. Em vez de admiração, surge o ruído. E crises de imagem adoram ambientes onde a distância entre discurso e realidade é grande.

Coerência, vale dizer, raramente aparece nas decisões fáceis. Ela é exigida justamente quando a escolha correta é mais trabalhosa, mais lenta ou menos conveniente. Essas decisões costumam ser tomadas longe dos holofotes, muitas vezes de forma solitária.

Outro ponto central é compreender que reputação não começa na crise. Quem chega a um problema sério sem histórico positivo entra em desvantagem. Ou, como já disse aqui outras vezes, não se faz amigos em meio a uma crise. Construir laços duradouros e conquistar confiança, portanto, é mais do que estratégia: é sobrevivência.

Em 2026, comunicação e compliance tendem a caminhar ainda mais próximos. Não por acaso. Decisões internas mal avaliadas ou mal explicadas rapidamente se transformam em crises externas. A comunicação deixa de ser apenas narrativa e passa a ter papel estratégico na leitura de cenários, na antecipação de riscos e na organização das respostas. Compliance, por sua vez, deixa de ser apenas um tema jurídico e assume um papel claro na proteção reputacional.

O monitoramento segue sendo um ponto crítico. Não se trata apenas de acompanhar menções ou relatórios de clipping, mas de escutar de forma qualificada. Identificar sinais fracos, mudanças de humor, temas sensíveis e vulnerabilidades antes que se tornem problemas públicos. O uso de dados e da inteligência artificial amplia essa capacidade, desde que esteja a serviço da estratégia.

Talvez o melhor conselho para 2026 seja simples, embora pouco confortável: antes de perguntar como sua marca quer ser vista, vale perguntar como ela tem agido. Afinal, reputação nada mais é do que a soma dessas escolhas, feitas todos os dias, inclusive quando ninguém está olhando.

E ela não entra em recesso.

Boas Festas e um 2026 de muitas realizações!

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