Nesta mesma época do ano, em 2021, já estava claro que a eleição presidencial seguinte seria disputada entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro buscava a reeleição, enquanto Lula, com suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março daquele ano, voltava a estar apto para concorrer.

Hoje, o cenário é diferente. Lula ocupa a Presidência da República e, salvo mudança de percurso ainda não anunciada, será candidato à reeleição. Jair Bolsonaro, principal líder da oposição nos últimos anos, está inelegível e cumpre pena por tentativa de golpe e atentado ao Estado Democrático de Direito.
No campo oposicionista, o nome que surge no momento é o do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Nesta quinta-feira ele leu uma carta, assinada por seu pai, confirmando seu nome como sucessor do bolsonarismo. Na primeira pesquisa Quest divulgada na semana passada, Flávio apresentou desempenho considerado positivo, surpreendendo parte do meio político.
Apesar disso, sua candidatura não foi bem recebida pelo Centrão nem pelo mercado financeiro. Esses setores demonstram preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, por ora, afirma que disputará a reeleição em seu Estado.
Outros líderes bolsonaristas, como o pastor Silas Malafaia, também manifestaram resistência ao nome de Flávio Bolsonaro. Avaliam que sua candidatura representaria mais os interesses da família Bolsonaro do que o conjunto da direita brasileira e consideram que ele teria dificuldades para enfrentar Lula em uma disputa direta.
Outros nomes na arquibancada
Enquanto Flávio Bolsonaro inicia contatos com setores conservadores, religiosos e econômicos do país, e Tarcísio de Freitas mantém o foco em São Paulo, outros governadores de perfil conservador — com discurso mais próximo do centro — aguardam o desenrolar do cenário.
Ratinho Junior, governador do Paraná e bem avaliado em seu Estado, já demonstrou maior disposição para disputar a Presidência no passado. Atualmente, adota postura cautelosa. “O momento é de avaliar os cenários”, afirmou em entrevista na segunda-feira, ao ser questionado sobre seus planos para 2026.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), segue se apresentando como pré-candidato, mesmo após o anúncio de Flávio Bolsonaro. Em publicação recente nas redes sociais, afirmou que “Bolsonaro tem todo o direito de tentar viabilizar a candidatura do filho”, mas ressaltou que isso não interfere em seu projeto político.
Postura semelhante adota o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). No entanto, o noticiário político aponta que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, estaria articulando a possibilidade de Zema compor como vice em uma eventual chapa encabeçada por Flávio Bolsonaro — hipótese que alteraria significativamente as articulações em curso.
As viúvas de Tarcísio
Os defensores da candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas ainda não desistiram. Lideranças do Centrão avaliam que ele seria um nome mais viável eleitoralmente. Embora largue com menor intenção de voto, teria maior potencial de crescimento, em razão da baixa rejeição.
Essa condição contrastaria com a de Flávio Bolsonaro, cuja rejeição, segundo a pesquisa Quest, estaria próxima de 60%. Para esses setores, esse índice dificultaria sua competitividade em um eventual segundo turno.
Tarcísio, por sua vez, já descartou publicamente a candidatura presidencial e declarou apoio a Flávio Bolsonaro. Ainda assim, o cenário permanece em aberto. O período atual é de movimentação e posicionamento político, e mudanças podem ocorrer até as convenções partidárias.
Missão quer ser nova direita
Fora do eixo tradicional da direita, surge uma nova iniciativa. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou o registro do partido Missão, formado por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL).
A legenda prepara o lançamento de Renan Santos, um de seus fundadores e presidente do partido, como candidato à Presidência da República. Ele se apresenta como uma alternativa aos eleitores de direita e tem como uma de suas principais bandeiras o combate ao bolsonarismo.
Sem tempo de televisão e sem acesso ao fundo eleitoral, o partido pretende concentrar sua campanha nas redes sociais, onde já possui atuação consolidada, especialmente entre o público mais jovem.






