À primeira vista, os números da pesquisa Neokemp podem sugerir conforto para o prefeito de Joinville, Adriano Silva, que aparece mesmo não se mostrando oficialmente pré-candidato ao governo do Estado. Porém, analisamos as duas pesquisas da Neokemp em que Adriano aparece mencionado e os dados mostram que é preciso estar atento.
No cenário geral, ele registra leve crescimento dentro da margem de erro, acompanhando a tendência observada entre todos os nomes testados. Mas a política raramente se decide pela superfície dos dados. E, quando o recorte é mais fino, o sinal é de alerta ou no mínimo um sinal amarelo piscante ligou.
Adriano é o único que apresenta variação negativa na Região Norte, justamente seu principal território político, onde a sua reeleição mostrou força de 78% dos votos e tem até então uma administração bem avaliada. Em novembro, na primeira pesquisa, ele aparecia com desempenho robusto na região; em dezembro, recua de forma significativa. Não é alarmante, mas é um indicativo comportamental do eleitor.
Dilema do muro: Se não aparecer, o eleitor esquece
Não se trata de um cenário de inviabilização de candidatura. Longe disso. Mas é, sem dúvida, um alerta precoce. A pesquisa mostra que visibilidade sozinha não sustenta projeto estadual. Falta a Adriano, neste momento, uma narrativa que ultrapasse os limites da gestão municipal e dialogue com o conjunto do Estado — econômica, política e simbolicamente. Isso só ocorrerá se definir sair da toca e encarar a missão que hoje os dirigentes estaduais parecem apostar.
No tabuleiro de 2026, o prefeito de Joinville ainda está no jogo. Porém, os dados de dezembro deixam claro que o relógio começou a correr mais rápido, principalmente pra ele que está ainda no começo desta transição. Se quiser transformar intenção em viabilidade, Adriano precisará recalibrar discurso, ampliar agenda e construir pontes fora do eixo local. Caso contrário, o risco é chegar conhecido, mas não escolhido.
Sem definição votos migram para adversários
O dado sugere que o capital político municipal começa a encontrar limites quando testado em escala estadual. O eleitor do Norte, especialmente o de Joinville, parece iniciar uma separação clara entre o bom gestor local e o nome viável para o governo do Estado. Essa transição, que muitos imaginam automática, não se confirma nos números.
Há também outro elemento relevante: enquanto Adriano perde fôlego regional, seus adversários diretos crescem justamente no mesmo espaço. Isso indica migração de voto, não simples oscilação. Parte do eleitor que antes sinalizava simpatia agora testa alternativas com maior densidade estadual, discurso mais conhecido ou posição ideológica mais definida.
Indecisos começam a se posicionar e governador leva vantagem
A queda dos indecisos na região mostra que o eleitor começa a se posicionar. E, neste momento, quem mais se beneficia desse movimento são os nomes com discurso mais consolidado e estrutura mais clara de campanha.
Em resumo da pesquisa Neokemp: Jorginho administra a liderança, Décio cresce com método, João se mantém competitivo e Adriano precisa recalibrar a estratégia. Ainda é cedo, mas a pesquisa de dezembro já desenha quem entra em 2026 em posição de vantagem e quem terá mais trabalho pela frente.
Jorginho cresce no Norte com indecisão de Adriano
Os dados comparativos das duas pesquisas todos os candidatos ficam dentro da margem de erro em levantamento feito pelo infografista Fábio Abreu, que já colaborou com a coluna (veja aqui).
Na análise das duas pesquisas uma coisa é certa. Sem Adriano no páreo o maior beneficiado é o governador Jorginho Mello. Este fato já nem precisa ser analista político para perceber.
Por que Carlito Merss aparece na pesquisa?
Fui atrás do motivo de Carlito Merss, ex-prefeito de Joinville, ser apontando como um nome para o governo do Estado. Carlito despista, mas surge como alternativa na ala apoiada por Décio Lima caso um nome de centro-esquerda não surja na manga. Carlito está na direção do Sebrae em Brasília junto com Décio e exerce posição importante ao lado do blumenauense. Sua pré-candidatura é pra abrir espaço e consolidar Décio Lima como pré-candidato ao Senado. O político joinvilense constrói o nome do ex-senador Paulo Bauer, mas pode surgir com uma alternativa até como vice. A ala petista em Joinville tem como foco principal a eleição de um deputado estadual, no caso, uma deputada. E o nome é da vereadora Vanessa da Rosa.
Feliz 2026
A coluna tentou entrar em recesso até o dia 5, mas análise de pesquisa não se pode ignorar.
Então até a próxima segunda-feira, já em 2026.
Obrigado por acompanhar a coluna em 2025 desde a sua estreia em outubro.
Feliz Ano Novo.
