Artigo de Alan Schöeninger, formado em Gestão Pública, Sócio e Diretor de Relações Governamentais da NM80 Assessoria em Gestão de Convênios e Captação de Recursos.

Santa Catarina é um estado formado por cidades de diferentes realidades, tamanhos e vocações. Mas um dado chama a atenção: 160 dos 295 municípios catarinenses têm menos de 10 mil habitantes, segundo as estimativas populacionais mais recentes do IBGE. E ao menos dez cidades do estado contam com menos de dois mil moradores.
À primeira vista, esses números podem sugerir apenas a dimensão territorial do nosso estado, mas eles revelam algo muito mais profundo: o tamanho do desafio que é fazer gestão pública em municípios pequenos. Governar uma cidade de dois mil habitantes exige tanto, ou até mais, preparo, técnica e dedicação quanto administrar um grande centro urbano.
Em boa parte desses municípios, a máquina pública é a principal empregadora local. Os orçamentos são curtos, os repasses federais e estaduais mal cobrem o básico, e a dificuldade em atrair profissionais qualificados para áreas como contabilidade, engenharia, administração e planejamento é constante. Falta gente, falta estrutura e, muitas vezes, sobra responsabilidade.
O prefeito e sua equipe acumulam funções. O mesmo servidor que cuida da saúde, muitas vezes ajuda na educação e ainda responde pelo setor de convênios. Planejar a médio e longo prazo se torna um luxo em meio à urgência do dia a dia. As demandas são muitas, e o território, geralmente rural e cheio de estradas vicinais, amplia os desafios de manutenção e logística.
Ainda assim, há algo admirável nesses municípios: a persistência e o senso de comunidade. O gestor público de uma cidade pequena conhece cada família, sente de perto os problemas e compartilha o esforço de resolvê-los. Em vez de gabinete, o trabalho é feito na rua, na escola, no posto de saúde, ouvindo as pessoas e tentando equilibrar o pouco que se tem com o muito que se precisa fazer.
Por isso, ações de capacitação e fortalecimento institucional, como o recente circuito de treinamentos para Gestores municipais de convênios, promovido pela FECAM, ganham importância estratégica.
Ao levar formação técnica aos 295 municípios, passando pelas 21 associações de municípios, a iniciativa demonstra que investir em conhecimento é tão essencial quanto investir em infraestrutura. Capacitar o servidor é multiplicar resultados.
Da mesma forma, o entendimento dos tribunais de contas e do próprio sistema de controle em reconhecer a legalidade e a importância das assessorias especializadas, quando contratadas dentro da legislação e com transparência, tem sido fundamental para o avanço dessas cidades. Elas oferecem o suporte técnico que muitas prefeituras pequenas não têm, ajudando a elaborar projetos, executar convênios, melhorar a área contábil, com mais segurança e eficiência.
Mesmo diante das dificuldades, esses municípios seguem avançando. E talvez aí esteja a grande lição: o tamanho da cidade não define o tamanho da gestão. Santa Catarina é feita de pequenos municípios, mas também de uma gente grande em trabalho, dedicação e vontade de fazer acontecer.
Se o Estado é o que é – referência em qualidade de vida, desenvolvimento e organização, muito se deve a essas cidades que, com orçamentos modestos e equipes reduzidas, continuam entregando resultados, mantendo viva a essência do serviço público: servir com propósito, mesmo quando os recursos são poucos.
 
								
 
								 
								




