Kethe de Oliveira Souza escreve artigo em que aborda a importância e a evolução da psicologia como ciência, especialmente em saúde mental, destacando a ampliação do acesso e a desmistificação da psicoterapia, particularmente após a pandemia de COVID-19.
Já faz parte do cotidiano das pessoas, em momentos de crises, dificuldades e sofrimento, contar com uma rede de apoio acolhedora, formada por familiares, amigos, instituições religiosas ou terapêuticas. Ter acesso ao suporte profissional especializado pode ser necessário, principalmente quando as estratégias para lidar com situações geradoras de sofrimento parecem insuficientes. É nesses momentos que sobressai o trabalho dos profissionais da saúde, sobretudo aqueles que atuam no campo da saúde mental, como os psicólogos.
A psicologia é a ciência que trata, estuda e analisa os processos mentais e comportamentos de indivíduos e grupos humanos em diferentes situações. Está em constante transformação, considerando que o ser humano e sua subjetividade não são estáticos. Presente em diversas frentes com grande relevância no contexto social, tem estado à disposição dos sujeitos há longo tempo.
Por muitos anos, o espaço foi restrito junto às grandes massas, devido a crenças rígidas estabelecidas pela falta de conhecimento. Acompanhamento psicológico era algo para loucos ou ricos, ou ainda para quem não tinha mais nada para fazer. Falar em saúde mental parecia algo distante, inalcançável. Não porque não houvesse discussões e estudos sobre os temas, mas porque não alcançava a maioria da população.
O tema da saúde mental ganhou relevância durante e no pós-pandemia, com a intensa preocupação em relação à manutenção da vida e à preservação da sanidade diante de algo assustador que se apresentava com o covid-19. A procura pela psicologia, em suas diversas abordagens, como cuidado e “solução”, disseminou-se por vários contextos sociais. E assim, como na maioria dos fenômenos sociais, o tema passou a ser difundido entre as pessoas, instituições e mídias, auxiliando na desmistificação do acompanhamento psicológico e no cuidado com a saúde mental.
A busca pelo psicólogo, naquele momento, tornava-se uma corrida contra o tempo. E que tempo era esse? O tempo de conhecer-se, de enfrentamento dos medos e angustias desvelados com a possibilidade de morte e perdas durante a pandemia.
A pandemia passou, mas deixou, com suas marcas de dor, o desafio da saúde mental coletiva e individual, além da busca pela ressignificação. A procura pelo acompanhamento psicológico se manteve em alta. A psicoterapia busca também promover a saúde mental e proporcionar condições para que as pessoas desenvolvam estratégias para enfrentar seus conflitos e sofrimentos.
Desse modo, não se restringe ao cuidado de pessoas diagnosticadas com algum tipo de transtorno mental. As pessoas passaram a falar mais abertamente sobre seus processos terapêuticos, tornando o tema leve e natural – “todos” podem procurar por um psicólogo, não mais “só” os loucos, ricos e ociosos.
Kethe de Oliveira Souza é psicóloga no Hospital Dona Helena, de Joinville.