A força das lideranças femininas na política no Delas Summit 2025. Por Andréa Vergani

Artigo de Andréa Vergani, advogada, Suplente de vereador e Diretora de Micro e Pequenos Negócios da PMF

A terceira edição do Delas Summit aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro de 2025, reunindo mais de 120 palestrantes em uma programação diversa, potente e inspiradora.

Mais do que um evento, o Delas Summit se consolidou como um movimento de mulheres que desejam crescer, se conectar e impulsionar seus negócios, formando um verdadeiro ecossistema de apoio e valorização do empreendedorismo feminino.

Os painéis contaram com grandes nomes do mercado, dos negócios e da influência digital, abordando temas como empreendedorismo, tendências, tecnologia e inovação.

Neste ano, o Delas foi além — inovou ao incluir um painel exclusivo sobre mulheres na política, reconhecendo que o fortalecimento do feminino também passa pelos espaços de poder e decisão.

E essa pauta é urgente.

Os desafios enfrentados por mulheres empreendedoras muitas vezes começam dentro de casa. Um número expressivo de mulheres empreende por necessidade e ainda enfrenta barreiras no acesso ao crédito, juros mais altos e falta de apoio familiar para investir tempo e recursos em seus negócios.

A sobrecarga do cuidado e a ausência de políticas públicas adequadas fazem com que muitas precisem escolher entre o sustento e o sonho — uma escolha que nunca deveria existir.

Trazer lideranças femininas da política para um evento de empreendedorismo, portanto, é um gesto de coerência e visão.

Primeiro, porque os desafios enfrentados pelas mulheres empreendedoras escancaram a desigualdade de gênero no país e evidenciam a necessidade de políticas públicas específicas.
Segundo, porque o Brasil ainda figura entre as piores democracias do mundo em representatividade feminina.

O país ocupa a 133ª colocação no ranking global de representação parlamentar de mulheres, que considera 181 países.

Apenas 18,1% da Câmara dos Deputados é composta por mulheres.

No Senado Federal, somos 19,8%.

Esses números colocam o Brasil entre os piores desempenhos globais nesse quesito.
Para se ter uma ideia, Israel, Afeganistão e Arábia Saudita têm mais mulheres na política do que o Brasil.

Dar voz a mulheres que conquistaram espaço na política é inspirar e mostrar que é possível ocupar, decidir e transformar.

Seguindo a mesma lógica, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina elegeu, ao longo de sua história, aproximadamente 900 homens e apenas 17 mulheres — números que chocam e revelam o tamanho do desafio.

Em 2022, Santa Catarina elegeu menos deputadas estaduais do que em 2018, e Florianópolis reduziu o número de vereadoras eleitas em 2024.

Esses dados acendem um alerta vermelho: a representatividade feminina, que deveria avançar, pode estar regredindo.

E essa ausência de mulheres nos espaços de decisão não é apenas um dado estatístico — é o reflexo de uma sociedade que ainda silencia vozes femininas.
Não por acaso, o Brasil segue entre os países que mais matam suas mulheres.
A violência começa quando não temos voz, quando não estamos à mesa onde as decisões são tomadas.

Ampliar a presença feminina na política é condição essencial para avançarmos em pautas fundamentais: o enfrentamento à violência contra mulheres e meninas, o combate à violência obstétrica, o incentivo à amamentação, a valorização da economia do cuidado, os direitos reprodutivos e a saúde da mulher, a ampliação da licença-paternidade, a oferta de creches em período integral e com horários alternativos, o equilíbrio entre maternidade e mercado de trabalho e a valorização do empreendedorismo feminino, entre tantas outras.

O debate político precisa estar presente em todos os ambientes — inclusive nos espaços de negócios — porque a política atravessa o cotidiano, molda oportunidades e define o futuro de toda a sociedade, incluindo o das mulheres.

Assim como falar sobre política é necessário, eleger mais mulheres é urgente.

O painel “Mulheres na Política” contou com Carmen Zanotto, Marlene Fengler, Zena Becker e comigo, Andréa Vergani, e foi um convite à reflexão e à ação:
Como ampliar a presença feminina nas decisões que constroem o futuro?

A resposta começa com iniciativas como o Delas Summit — onde mulheres têm voz e vez, e se unem para transformar ideias em movimentos e movimentos em conquistas.

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