A história do Dia Internacional da Mulher e a necessidade de protagonismo feminino na política. Por Ada de Luca

Ada de Luca escreve artigo em que reflete sobre a luta histórica por igualdade e a urgência da representatividade feminina na política.

A trajetória feminina na política e os desafios da representatividade são destaque deste artigo.

O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, é um marco importante na luta por igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres. Sua origem remonta ao início do século XX, um período marcado por intensas mobilizações sociais e políticas. Foi em 8 de março de 1917 que milhares de mulheres se reuniram no protesto na Rússia que ficou conhecido como “Pão e Paz”. Nesse protesto, as mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e de vida, lutaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Porém a data só foi oficialmente reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, mas sua essência está profundamente enraizada nas demandas históricas por justiça e igualdade.

No Brasil, as mulheres representam mais da metade da população, mas sua presença na política é alarmantemente sub-representada. Entender as lutas históricas das mulheres e reconhecer a importância do aumento da participação feminina na política é essencial não apenas para a equidade de gênero, mas também para o fortalecimento da democracia. Cada vez mais se torna evidente que a presença de mulheres nos espaços de decisão é fundamental para garantir direitos e promover uma sociedade mais justa e igualitária.

Refletindo sobre essa questão, não posso deixar de lembrar da minha própria trajetória, marcada pelos horrores da ditadura, que moldaram minha compreensão sobre os valores democráticos. Sou testemunha da importância de elevarmos nossas vozes contra qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito e do quão essencial é que mais mulheres ocupem espaços políticos, rompendo com o domínio masculino. Não somos o sexo frágil; somos força, resistência e transformação.

A trajetória das mulheres na política no Brasil começou com figuras como Isabel de Mattos Dillon, que, em 1880, lutou pelo direito ao voto. A luta se continuou com Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita no Brasil, exemplificando as barreiras e conquistas que caracterizam nossa caminhada. No entanto, mesmo após mais de 80 anos do histórico discurso de Bertha Lutz na Câmara dos Deputados, a sub-representação feminina permanece um obstáculo significativo. No Congresso Nacional, a presença das mulheres ainda é minúscula, o que impacta diretamente na formulação de políticas públicas que atendam às necessidades femininas.

As dificuldades que enfrentamos não são pequenas. A desigualdade salarial, a falta de apoio partidário, a dificuldade de financiamento de campanhas e a resistência da sociedade em confiar nas mulheres para a gestão pública são barreiras que ainda precisamos derrubar. Entretanto, para mudar essa realidade, é imprescindível estimular o empoderamento feminino dentro dos partidos políticos e fortalecer a consciência coletiva sobre a importância da mulher no processo decisório.

A política não se faz apenas nas redes sociais; é necessário que jovens mulheres se engajem ativamente no debate público, compreendendo que a verdadeira transformação ocorre nos espaços institucionais. A luta pelo protagonismo feminino na política é, portanto, uma luta pela efetividade dos direitos das mulheres e pelo fortalecimento da democracia. Não há desenvolvimento sem representatividade.

Em um mundo onde a voz das mulheres é urgentemente necessária, é vital garantir igualdade de condições para que possam disputar eleições e assumir posições de liderança. Como alguém que foi eleita quatro vezes deputada estadual e que sempre defendeu a democracia e os direitos das mulheres, continuarei a lutar para que mais mulheres tenham coragem de enfrentar os desafios e reivindicar seus lugares na política.

Neste Dia Internacional da Mulher, conclamo a todo e todas a refletirem sobre a a trajetória da luta feminina e a necessidade premente de mais representatividade. O futuro é de todas nós, e é hora de ocuparmos os espaços que nos pertencem. A luta continua, e juntas, podemos construir uma sociedade mais justa e igualitária.


Ada de Luca (MDB) é ex-deputada estadual.

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