A importância dos dados para a gestão em saúde. Por Ademar Paes Junior

Ademar Paes Junior escreve artigo em que discute a importância do uso de dados para implementar políticas eficazes de prevenção em saúde, destacando a necessidade de compreender o perfil da população para tratar doenças crônicas de forma inteligente.

A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicava que 52% dos brasileiros com mais de 18 anos à época tinham o diagnóstico de pelo menos uma doença crônica. Um em cada quatro entrevistados sofria com a hipertensão, problema que pode causar complicações sérias quando não tratado de forma adequada.

O recorte, bastante simples, serve para ilustrar algo fundamental – e que tive a oportunidade de destacar em discussão recente sobre o tema na Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF): dados são essenciais para o sucesso de qualquer iniciativa de prevenção em saúde.

Prevenção, vale acrescentar, por muitos anos foi encarada como responsabilidade do setor público. Um equívoco que, felizmente, foi abandonado. Cada vez mais, operadoras de planos de saúde percebem que não é inteligente e sustentável arcar com o crescimento dos gastos com o tratamento de complicações de doenças que poderiam ser controladas. As doenças crônicas, afinal, hoje são o maior problema da saúde brasileira.

E aí volto aos dados. Uma política séria de prevenção precisa ter como ponto de partida o diagnóstico dos desafios que se tem a enfrentar. E a definição desse quadro depende do conhecimento da realidade da população atendida.

Quais os hábitos dessas pessoas? Qual o histórico familiar de doenças? Que fatores de risco elas apresentam? Como e onde vivem? Quais as doenças prevalentes? Enfim, há uma série de indicadores que podem ser medidos e acompanhados ao longo do tempo e trabalhados com inteligência para pensar em ações preventivas.

Sem dados, tateamos em busca de respostas. Apostamos na tentativa e erro e muitas vezes apenas repetimos o que parece ser o mais adequado a partir do que já foi feito. Dessa tendência nasce um equívoco comum: a preocupação exclusiva com o acesso.

Garantir que as pessoas tenham tratamento é essencial, mas pode não ser o suficiente. Precisamos pensar também em desfecho, na solução dos problemas que levaram o indivíduo a buscar atendimento e no tratamento das suas causas. A inteligência de dados, com a definição exata das condições de saúde da população, é condição mais do que necessária para que se tenha sucesso nessa empreitada desafiadora.


Ademar Paes Junior é CEO da LifesHub.

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