A medicina que foca na mudança de comportamento para uma vida saudável

Há sete anos a psicóloga e empresária Fernanda Bornhausen decidiu dar uma guinada depois de uma crise pessoal, causada pela jornada excessiva de trabalho e estresse. “Sempre fui aquela pessoa que botava o pé no acelerador e fazia acontecer. Um dia eu paguei a conta“, afirma.

Hoje é uma das duas psicólogas do país certificadas em Medicina do Estilo de Vida, especialidade surgida há duas décadas nos Estados Unidos que é focada na mudança de comportamento como remédio e que já tem 400 profissionais certificados em 21 estados brasileiros. “Preste atenção ao que seu corpo está falando”, aconselha Fernanda, que aposta em ´retreinar´o cérebro para ter hábitos mais saudáveis e prevenir doenças.

O que é a medicina do estilo de vida?
A medicina do estilo de vida é uma especialidade médica que nasceu nos Estados Unidos há 21 anos. Um cardiologista, endocrinologista ou profissional de qualquer outra área pode fazer, simultaneamente, a residência tradicional e a de medicina do estilo de vida. Eles criaram o modelo de “residências sanduíche”, permitindo que o médico se torne um “especialista do estilo de vida” dentro da sua própria área. Esse movimento surgiu porque o país não conseguia mais dar conta das doenças crônicas não transmissíveis — obesidade, sedentarismo, doenças cardiovasculares. As pessoas continuam morrendo de causas evitáveis. Antes de virar uma especialidade, houve um consenso entre várias sociedades médicas, com base em evidências científicas, que seria possível apoiar as pessoas a melhorarem o estilo de vida, o básico para ter saúde.

A ideia é que o estilo de vida seja visto como remédio e prevenção?
Da mesma forma que um médico prescreve remédios, um médico do estilo de vida – e outros profissionais de saúde certificados – prescrevem intervenções de estilo de vida. O paciente sai da consulta com um plano estruturado, não apenas com recomendações genéricas. A medicina do estilo de vida é colaborativa: médicos, psicólogos, dentistas, fisioterapeutas, educadores físicos. Desde o início, o colégio americano incluiu todas essas profissões. Toda profissão de saúde pode se certificar — não fazem residência, porque não são médicos, mas têm certificação internacional.

Você começou a se interessar pelo assunto por conta de uma experiência pessoal, não é?
Sim. Eu sou empresária há 40 anos e sempre fui aquela pessoa que botava o pé no acelerador e fazia acontecer. Um dia eu paguei a conta do trabalho excessivo e do estresse, aliado a questões de saúde na família; Tive uma exaustão, cheguei ao fundo do poço do estresse mesmo, meu corpo parou comigo. Eu percebi que não conseguia levantar da cama. Simples assim. Os sinais estavam todos lá. Eu passei anos construindo aquela crise. Hoje agradeço muito que isso aconteceu, mas na hora foi muito assustador.

O que você diria pra alguém que está vivendo algo parecido com o que você passou anos atrás?
Primeiro: preste atenção ao que o seu corpo está falando. A gente releva. O estresse é necessário para viver, mas não em excesso. Ele nem sempre aparece como problema de saúde mental; muitas vezes aparece no físico: dores, coluna travada, gastrite, até problemas cardiovasculares. E as pessoas não correlacionam com o estresse. Procuram médicos que tratam os sintomas separadamente.

Talvez a palavra equilíbrio seja importante nesse processo, não?
Equilíbrio com ciência. Porque não é com consciência, é com a ciência. Porque a gente está vivendo num mundo de informação péssima, de excesso de informação sobre a saúde, de influenciadores de saúde que não são profissionais da área. As pessoas estão totalmente perdidas, não é?  Então, a Medicina do Estilo de Vida, para mim, foi essencial.

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