Com o objetivo de reduzir o elevado número de cancelamento de operações aéreas, a Associação Comercial, Industrial, Agronegócio e Serviços de Chapecó (ACIC) publicou, hoje, Manifesto reivindicando a instalação do Sistema de Pouso por Instrumentos – ILS (Instrument Landing System) – no Aeroporto Municipal Serafim Enoss Bertaso, bem como outras melhorias tecnológicas para permitir procedimentos de aproximação e pouso com total segurança.
Assinado pelo presidente Helon Antonio Rebelatto, o Manifesto assinala que “tal deficiência ocasiona prejuízos expressivos porque Chapecó e região sediam alguns dos mais pujantes grupos agroindustriais do Brasil, cuja atuação no comércio internacional demanda intensa mobilidade aérea”.
O Manifesto da ACIC, na íntegra:
Manifesto Público da Associação Comercial, Industrial, Agronegócio e Serviços de Chapecó (ACIC)
A Associação Comercial, Industrial, Agronegócio e Serviços de Chapecó (ACIC), cônscia de sua responsabilidade institucional perante a sociedade e firme em seu propósito de defender os interesses coletivos da comunidade empresarial e da população do Grande Oeste de Santa Catarina, vem a público manifestar, com veemência e senso de urgência, a imperiosa necessidade de instalação do Sistema de Pouso por Instrumentos – ILS (Instrument Landing System) – no Aeroporto Municipal Serafim Enoss Bertaso, de Chapecó, bem como outras melhorias tecnológicas para permitir procedimentos de aproximação e pouso com total segurança.
O referido aeródromo, em funcionamento desde 1978, classificado como Classe II, representa um marco de integração regional e nacional, constituindo-se em infraestrutura indispensável para a articulação econômica e social de uma vasta região composta pelo oeste catarinense, sudoeste paranaense e noroeste gaúcho. Pela sua localização estratégica, próxima à fronteira com a Argentina e distante das capitais estaduais, cumpre papel essencial na dinâmica da economia sul-brasileira e no fortalecimento das conexões internacionais, especialmente no contexto do Mercosul.
A pista do Aeroporto Serafim Enoss Bertaso, com 2.063 metros de extensão, é amplamente reconhecida como uma das mais qualificadas do País, não apenas pela topografia favorável, mas também pela ausência de obstáculos que comprometam aproximações e decolagens. Apesar dessas condições naturais privilegiadas, a carência de equipamentos de proteção ao voo — em especial o ILS — transforma-se em fator limitante, resultando em elevados índices de cancelamento de operações, sobretudo durante o rigoroso inverno, quando a ocorrência de nevoeiros e condições meteorológicas adversas é mais frequente.
Tal deficiência ocasiona prejuízos expressivos. Chapecó e sua região sediam alguns dos mais pujantes grupos agroindustriais do Brasil, cuja atuação no comércio internacional demanda intensa mobilidade aérea. Cada voo cancelado repercute negativamente na logística empresarial, na competitividade exportadora e na própria credibilidade da região como polo de negócios. Ademais, Chapecó é palco de eventos culturais, científicos e feiras técnicas de alcance internacional, para os quais o acesso aéreo seguro e regular constitui condição sine qua non para o êxito.
O Aeroporto registra atualmente movimento anual superior a 600 mil passageiros, operando em rotas regulares das companhias Azul, Gol e Latam. Ressalte-se que todos os voos apresentam elevada taxa de ocupação, frequentemente com filas de espera, e que os preços das passagens encontram-se em patamares altíssimos em razão da escassez de assentos disponíveis. Tal quadro evidencia a demanda reprimida e reforça a necessidade de ampliação da capacidade operacional, objetivo que passa, inexoravelmente, pela instalação do ILS.
Cumpre destacar que a concessão pública celebrada em 2020 com a empresa Voe Xap já proporcionou importantes avanços, com investimentos que ultrapassaram a previsão inicial de R$ 33 milhões. A recente ampliação concluída em 2023 elevou a capacidade de atendimento anual para 1,5 milhão de passageiros, além de melhorias na infraestrutura, incluindo a homologação de procedimentos RNP (Required Navigation Performance) para ambas as cabeceiras da pista. Contudo, mesmo com tais progressos, a ausência do ILS permanece como lacuna intransponível para garantir a plena regularidade das operações aéreas.
O sistema RNP representou inegável avanço ao permitir pousos por instrumentos em ambas as cabeceiras, diminuindo parcialmente as restrições de visibilidade. Todavia, a experiência tem demonstrado que, em situações críticas de nevoeiro e baixa altura de teto, somente o ILS é capaz de assegurar a precisão necessária para aterrissagens seguras, reduzindo de maneira substancial o índice de cancelamentos que afligem o aeroporto e penalizam a economia regional.
É, pois, imperativo que a autoridade aeronáutica brasileira empreenda, com a máxima celeridade, os estudos e providências indispensáveis à instalação do ILS no Aeroporto Serafim Enoss Bertaso. Trata-se de medida emergencial, de alta prioridade, cujo impacto transcende a esfera local, projetando-se sobre a competitividade da economia nacional, a integração do interior com os grandes centros e o fortalecimento das cadeias produtivas vinculadas ao agronegócio, à indústria e ao setor de serviços.
A ACIC reafirma sua convicção de que o simples exame das estatísticas de operação e cancelamento já seria suficiente para justificar a imediata implementação do sistema. Entretanto, caso se opte pela condução de análises técnicas mais aprofundadas, é imperioso que estas sejam realizadas sem delongas, de modo a abreviar a solução de um problema que já se arrasta por demasiado tempo e que não pode mais ser tolerado.
Assim, a ACIC, em nome da sociedade organizada, da classe produtiva e de toda a população do oeste catarinense e regiões circunvizinhas, reivindica com firmeza a instalação do ILS, confiando que o clamor desta região encontrará eco nas instâncias competentes.
Chapecó (SC), 03 de outubro de 2025.
HELON ANTONIO REBELATTO – PRESIDENTE
