No imaginário político catarinense, desde a emblemática vitória de Luiz Henrique da Silveira em 2002, criou-se que Joinville é fundamental e pode ser decisiva em uma eleição estadual. A um ano da eleição que elegerá ou reelegerá o próximo governador é preciso ficar atento aos sinais e tomar a decisão. Essa decisão, a hora certa de decidir, circula pelo partido Novo e principalmente pelo prefeito de Joinville, Adriano Silva.

Em 2002 o governador era Esperidião Amin, franco favorito, governador popular, com a máquina na mão e uma base sólida. Como adversário, um Luiz Henrique em segunda gestão consecutiva em Joinville, muito popular e com grande influência no meio empresarial. Joinville desejava, à época, melhor participação do governo estadual com a cidade e sair do que chamavam ser a “quinta roda da carroça”.
LHS venceu uma eleição que parecia impossível, aproveitou a então “Onda Lula”, mas inegável que a esmagadora votação em Joinville foi fundamental. Ao abrir a contagem na cidade, a enxurrada de votos colocou o emedebista no caminho a vitória.
Já se passaram 23 anos e desde então nenhum candidato de Joinville teve tamanha ousadia. Luiz Henrique foi acima de tudo corajoso. Apostou no trabalho que vinha sendo feito, mobilizou uma cidade inteira e encarou o que era um dilema: deixar a prefeitura, ficar sem mandado e aventurar-se a ser candidato a governador.
Os riscos
Os riscos são conhecidos. Em caso de derrota, ficar sem mandato e entrar no perigoso limbo da política. Outro dilema é deixar o governo para o (a) vice ou até mesmo para o presidente da Câmara de Vereadores. O discurso de abandonar o projeto construído para mais quatro anos e “deixar” a cidade também tem peso relativo.
O prefeito de Joinville, Adriano Silva, passa por este cenário. Muitos dizem que Adriano é ainda jovem, tem potencial para um dia ser governador e pode esperar. Essa perigosa fala costuma ser dita por aqueles que justamente não querem o popular prefeito de Joinville no páreo.
A mitologia grega
Em política recomenda-se não perder o momento certo, não desperdiçar as oportunidades e ficar atento ao que ensina a mitologia grega sobre Kairós, o Deus da Oportunidade, que era cabeludo na frente e careca na parte de atrás. Fica a dica: a oportunidade você pega de frente ou, se deixar passar, não consegue mais segurar.
Números
Adriano venceu o primeiro turno da eleição de Joinville em 2024 com 78,69%. Fez 244.321 votos. Só para efeito de comparação, na eleição ao governo do Estado em 2022, Jorginho Mello, impulsionado por Jair Bolsonaro, fez 77,34% dos votos. O atual governador superou Luiz Henrique, que fez 76,8% justamente naquele histórico ano de 2002.
Pesquisa pode definir o jogo
O que pode aquecer Adriano Silva na disputa ao governo do Estado é uma pesquisa eleitoral. Em todas publicamente divulgadas até agora Adriano não consta como um dos postulantes, o que é um erro. Nenhum prefeito com tamanha popularidade, no maior colégio eleitoral pode ser tão facilmente descartado.
Compromisso com Jorginho
Em uma conversa pessoal, Adriano já teria se comprometido com o governador Jorginho sobre 2026. Pediu compromisso com a cidade em obras estruturantes, atenção ao Hospital São José, verba para o Palácio das Orquídeas. Jorginho é atento, habilidoso e vem cumprindo com o acordado.
Nas mãos do Novo
Recentemente, Adriano falou ao colega Upiara Boschi, em entrevista gravada no Congresso dos Municípios de Santa Catarina (Comac-SC), que não cabe a ele a decisão de ser candidato, mas ao partido. O Novo segue uma série de orientações que dependem de candidato à presidência da república e até a sobrevivência do partido pela necessidade de eleger deputados federais.
As empresas tradicionais e as emergentes da economia de Joinville

Das 100 maiores empresas de Santa Catarina, em recente ranking divulgado pela revista Amanhã, empresas de Joinville estão entre as principais. As históricas Tupy, Whirlpool, Tigre, Schulz e a centenária Döhler são as consolidadas como as maiores não só do Estado, mas do país em suas áreas de atuação. Mas entre as posicionadas chama a atenção as “emergentes” Multiplike (13 anos de fundação da área financeira), Ascensus (24 anos, área logística) Átrio (31 anos e administradora de hotéis), a construtora Rogga (18 anos de atuação) e Krona (32 anos, tubos e conexões). Não aparecem no ranking, mas é preciso lembrar ainda das já destacadas Asaas e Conta Azul, que surgiram como Startups e estão entre as grandes potências dessa nova indústria joinvilense.
Quem matou Odete Roitman?

Coluna faz sua estreia hoje e o objetivo é lhe manter informado com análises sobre política e economia. Mas eu preciso avisar que no capítulo de hoje do Vale Tudo, novela da TV Globo, Odete Roitman aparece morta misteriosamente num quarto do Copacabana Palace. Então, nesta semana não se surpreenda com a pergunta: Quem matou Odete?
Eu tenho as minhas suspeitas.
Tenham uma ótima semana!