A pesquisa que mexeu no tabuleiro: por que Adriano Silva virou o ponto de atenção da disputa

Adriano Silva olha os fogos na abertura de Natal em Joinville
Na abertura do Natal, que levou 90 mil pessoas em dois dias, observa os fogos e o futuro que ainda não está decidido. Foto: Secom/PMJ

Na coluna de estreia deste espaço (leia aqui) o tema principal foi a oportunidade que o prefeito de Joinville Adriano Silva poderia estar perdendo por não ser pré-candidato ao governo do Estado em 2026. Jovem, com um governo aprovado nas urnas e liderança consolidada no partido Novo, Silva teria a chance de repetir o feito do ex-governador Luiz Henrique da Silveira (MDB), que saiu de Joinville como azarão para vencer em 2002 o franco favorito Esperidião Amin, então governador do Estado. 

É preciso ficar atento  ao que ensina a mitologia grega através de Kairós, o Deus da Oportunidade, cabeludo na frente e careca na parte de atrás: Oportunidade se pega pela frente e se deixar passar não pega mais. 

A coluna de estreia também observou a estranheza de o nome do Adriano Silva não aparecer nas pesquisas eleitorais que pipocaram por aí. Por comandar a maior cidade do Estado, por ser uma liderança importante, o nome do prefeito de Joinville é item obrigatório. 

E na semana passada, a Neokemp Pesquisas divulgou números da corrida eleitoral para 2026. Adriano aparece no cenário 1, junto com o governador Jorginho Mello (PL), o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD) e o petista Décio Lima. São os nomes que estão no jogo. E o resultado da amostra colocou uma grande interrogação no grupo mais próximo do joinvilense: Adriano deveria se lançar candidato? 

Adriano rompe a bolha e pressiona Jorginho

A nova pesquisa com o nome do prefeito Adriano embaralha o jogo, leva a disputa para o segundo turno e tira o favoritismo do governador Jorginho Mello, até agora seu aliado. O colunista Upiara Boschi já trouxe os números com exclusividade (leia aqui). Jorginho ainda lidera com 39,5%, seguido de João Rodrigues, com 19,2%, e Décio Lima com 13,2%. O prefeito de Joinville tem 8,3%. Esses índices levam, a menos de um ano da eleição, a disputa para o segundo turno. 

Em um outro cenário sem Décio Lima, que poderia vir ao Senado, e Adriano Silva desistindo, o governador Jorginho Mello dispara e tem chances de vencer no primeiro turno. 

Pode parecer pouco, mas  8% na pesquisa animam

Com tanto tempo pela frente, Adriano e seu staff sabem que o caminho é difícil, mas a história da política catarinense (e brasileira) tem inúmeros casos de vitórias improváveis. Aparecer com 8% para quem não percorre o Estado, não diz que é candidato e não está trabalhando o nome assim como seus oponentes, não deixa de ser um feito importante. Interlocutores próximos ao prefeito não tem dúvidas que o nome de Adriano pode ser uma importante novidade. Por isso, tentam lhe convencer que é hora de lançar seu nome ao governo mesmo que custe animosidades com o atual governador. Silva mostra-se resistente à ideia. 

O risco de deixar Kairós passar

Kairós, o Deus da Oportunidade, volta a rondar o imaginário de Adriano Silva: Se deixar passar não pega mais.

O próprio Adriano sabe que 8% nesta altura do campeonato lhe coloca no jogo. Foi assim quando se lançou prefeito de Joinville em 2020. Um ano antes não aparecia com 10 dígitos nas pesquisas eleitorais, mas trabalhou, e muito, para chegar durante a campanha eleitoral já sinalizando que iria para o segundo turno ou com Darci de Matos ou com Fernando Krelling, apoiado pela administração do então prefeito Udo Döhler (MDB). 

Norte e o ponto de desequilíbrio

É preciso olhar essa pesquisa da Neokemp com mais cuidado e observando as regiões. A empresa teve uma amostra de 1.080 pessoas em 90 cidades pelo método URA (Unidade de Resposta Audível), ou seja, por telefon, nos dias 10 e 11 de novembro. A região Norte corresponde a 18,4% da pesquisa e participaram homens e mulheres acima de 16 anos das cidades de Canoinhas, Garuva, Irineópolis, Jaraguá do Sul, Joinville, Mafra, Monte Castelo, São Bento do Sul e São Francisco do Sul. 

Neste cenário, Adriano Silva realmente entra no jogo  e com força. Ele faz na região 24,6% contra 33,7% de Jorginho, que lidera. Décio Lima tem 13,9% e João Rodrigues tem sua performance mais baixa entre as regiões pesquisadas com 9,1%. 

O fator regional mostra que o possível crescimento de um candidato genuinamente do Norte pode desequilibrar a disputa. A real potencial de crescimento eleitoral de Adriano Silva.

Ao lado de Hang e a projeção estadual

Adriano Silva passou uma manhã em limpeza junto com o midiático empresário Luciano Hang em uma aproximação que pode render projeção estadual. Foto: Secom/PMJ.

Um destaque do final de semana em Joinville, além da bela abertura de Natal que levou 90 mil pessoas para a frente da Prefeitura nas noites de sábado e domingo, foi a presença na cidade de Luciano Hang, o dono da rede de lojas Havan. O empresário participou do mutirão de combate à pichação no centro, que mobilizou voluntários, lideranças e empresários. 

A presença de Hang chama a atenção. Ao lado da vice Rejane Gambin e do prefeito, Hang não poupou elogios em sua potente redes sociais. Luciano Hang é crítico da burocracia estatal, principalmente quando há empecilhos para a instalação de suas megalojas. O empresário não costuma poupar Joinville, mas considerou a ação de Adriano um exemplo a ser seguido no Brasil. Aparecer ao lado de Hang e em suas redes – ainda mais de forma elogiosa –  é sempre um ativo interessante que projeta o nome de qualquer político.

Análise do fator Adriano Silva

Abaixo você vai ter uma análise em forma de infográfico realizada pelo infografista Fábio Abreu a pedido desta coluna. Fábio tem experiência em análises de dados de pesquisas e dados eleitorais. Já trabalhou em grandes publicações impressas, campanhas eleitorais e hoje é infografista e ilustrador freelancer.

Os colunistas são responsáveis pelo conteúdo de suas publicações e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Upiara.