A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), por iniciativa do deputado Mário Motta (PSD) realizou na noite de terça-feira (3), Seminário para debater medidas de enfrentamento à esporotricose, zoonose que afeta gatos e outros animais. O assunto tem gerado muita preocupação entre os defensores dos animais em Santa Catarina. A Dra. Adriana Queiroz, veterinária em Manaus, famosa especialista no tema, foi a palestrante e esclareceu a plateia cheia de protetores de animais e veterinários sobre o controle da enfermidade.
A doença acomete animais, e não apenas gatos, que em geral, têm acesso às ruas, por ser transmitida por fungo encontrado no solo, nas cascas de árvores e nas superfícies das plantas, como a roseira, que devido aos espinhos acaba facilitando a contaminação. Os animais afetados apresentam lesões na pele, ou mucosas, difíceis de cicatrizar. Há tratamento, às vezes longos, mas que têm muito sucesso. A enfermidade, popularmente conhecida como doença do jardineiro, como o próprio nome diz, também afeta humanos.

A situação, conforme afirmou a veterinária é bastante grave. Ela frisou que o número de casos entre os animais chega a milhões no Rio de Janeiro e em Manaus, embora afirme que haja subnotificação, que é quando o poder público não é informado sobre o número exato de diagnósticos da enfermidade. E Dra. Adriana, deu uma informação ainda mais assustadora: os fungos, responsáveis pela doença, permanecem no solo por mais de 10 anos. Portanto, é preciso urgentemente castrar os animais, principalmente, os gatos, fazendo que a procriação desenfreada seja reduzida. É bom lembrar que os mutirões de castração de gatos estão paralisados em Florianópolis há cerca de dois anos e meio. É urgente que os mutirões de castração nos bairros do Norte da Ilha, que têm sido os mais atingidos neste momento, iniciem. Mas, embora tenha ocorrido licitação para tanto, o segundo colocado entrou com recurso, ainda não solucionado pela prefeitura, conforme demonstrou resposta do atual diretor da Dibea (Diretoria do Bem-Estar-Animal) de florianópolis a um requerimento do vereador Leonel Camasão (PSOL). É possível ler a matéria aqui.
Além de Florianópolis, há registros de casos da doença, pelo menos em Itapema, Itajaí e em Joinville. Conforme a veterinária, ainda não foi possível identificar o motivo dos gatos serem mais facilmente contaminados do que os outros animais, mas uma das possibilidades é o fato de eles terem o hábito de escavarem a terra, para enterrar seus dejetos. Além da castração, Dra. Adriana recomenda manter os gatos dentro de suas residências.
Estiveram reunidos na Sala das Comisssões da Alesc, especialistas e representantes de órgãos públicos entre eles o diretor de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), João Augusto Brancher Fuck; a gerente executiva do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV/SC), Thalyta Marcílio; a gerente de Vigilância Sanitária do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Marinice Teleginski; e a diretora estadual de Bem-Estar Animal (DIBEA), Fabrícia Rosa Costa.

A bióloga Rosa Elisa Villanueva, que há muitos anos tem lidado com gatos que desenvolveram a doença, fez um rápido, mas importante relato sobre como tem encontrado nos animais no bairro Rio Vermelho. Ela mostrou o registro de nove gatos que está acompanhando e o tratamento dos animais. Rosa demonstrou geograficamente o crescimento do espaço territorial que a doença tomou neste tempo. Ela denunciou, ainda, a falta de remédios gratuitos para o tratamento de esporotricose, embora exista lei que garanta a entrega dos medicamentos para animais diagnosticados com a doença e a falta de castração dos felinos de uma colônia com alguns dos animais doentes. “A prefeitura de Florianópolis não está fazendo castração de gatos. E me assusta muito porque a base do controle da disseminação da esporotricose é castração com busca ativa”, alertou. E frisou: “Aqui não é Rio de Janeiro, aqui nós temos menos de 500 mil habitantes, ainda dá para fazer para fazer o controle!”

As pessoas que estavam na plateia e que se manifestaram após a finalização da fala de todos os painelistas demonstraram profunda preocupação com a falta de coibição efetiva do problema. Algumas delas levavam cartazes pedindo providências imeditas.

“O seminário que buscava esclarecer sobre a esporotricose, que trouxe uma especialista, falou muito sobre prevenção e sobre a necessidade de encararmos de frente, essa que é não é só uma doença que ataca gatos, o gato também é uma vítima. Mas, acima de tudo, é uma doença que pode ser transmitida aos seres humanos. Quanto mais trabalharmos prevenção, quanto mais discutirmos como tratar, pois é uma doença que demora para curada, mas sem dúvida, precisa ser encarada de frente”, destacou o deputado proponente do Seminário.
Assista aqui o Seminário para debater medidas de enfrentamento à esporotricose aqui