Por Isadora Pinheiro, interina
Você pode concordar ou discordar totalmente dela, mas admita que é impossível falar de liderança feminina e não pensar no fenômeno político: Ana Campagnolo (PL).
A deputada conduz com maestria a pauta conservadora no estado, é antifeminista e tem bandeiras em defesa da família tradicional, da liberdade religiosa e contra a erotização infantil. Ela está no segundo mandato na Alesc, foi a mais votada na última eleição e é a mais jovem a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
Só no Instagram, Ana Campagnolo tem 1.4 milhão de seguidores. Em 2022, venceu as eleições sendo a mais votada da história de Santa Catarina. No primeiro mandato, Campagnolo fez 34.825 votos. Na época, estava filiada ao PSL. Já no segundo, em 2022, com o PL, fez 196.571 votos, superando com folga o recorde anterior alcançado pelo deputado estadual Gelson Merísio em 2014. Na ocasião, o ex-deputado foi eleito com 119.280 votos.
A deputada é natural de Itajaí, tem 33 anos, é professora de história e lecionava no município de Chapecó antes de ser eleita.
Ana Campagnolo venceu as eleições com uma diferença de mais de 100 mil votos da segunda colocada, a deputada e também professora, Luciane Carminatti do PT, que fez 92.478 votos.
E precisamos salientar que é muito interessante o fato de que as pessoas mais votadas do estado de Santa Catarina, para o legislativo estadual em 2022, tenham sido duas mulheres, professoras e com posicionamentos tão antagônicos.
E não dá para dizer que Campagnolo foi reeleita apenas por causa da tal “onda 22”. Em 2020, durante a pandemia, a deputada foi muito atuante como relatora adjunta da Comissão Especial da ALESC, responsável pela análise e emissão de parecer sobre a denúncia por crime de responsabilidade contra o Governador do Estado na época, Carlos Moisés, sobre as irregularidades na compra dos 200 respiradores junto à Veigamed e prestação de depoimento falso à CPI dos Respiradores. E no início de 2022, a deputada foi a relatora da CPI do Aborto, que investigou o caso de estupro de uma menina de 11 anos. O caso ganhou repercussão nacional.
No dia a dia na Assembleia Legislativa, é comum ver a deputada com as filhas. Catarina, a mais velha, cresceu vendo a mãe trabalhar no gabinete, no plenário e nas comissões na Casa. Joana, a filha mais nova, tem apenas 3 meses e desde a primeira semana de vida já estava no plenário da Alesc. Inclusive, estava no colo da deputada dentro do plenário quando Campagnolo foi hostilizada por manifestantes e chamada de “fascista” e “racista” na votação tumultuada que aprovou mudanças na isenção de 14% para beneficiários da Previdência de SC.
Ana Campagnolo sabe fazer comunicação nas redes sociais. Ela é super presente no Instagram, domina a pauta conservadora, sempre traz para a tribuna temas polêmicos e sensíveis. E ainda compartilha momentos da sua vida pessoal em família, fala sobre maternidade, vende cursos, escreve livros e é a líder do PL Mulher no estado.
Recentemente, ouvi um podcast da Folha de São Paulo falando sobre o aumento do conservadorismo entre jovens da geração Z (nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010).
A conversa do podcast foi norteada por um estudo recente liderado pelo King’s College, de Londres, e uma análise com dados de diferentes países feita pelo jornal Financial Times que chamaram a atenção para um aspecto da geração Z: a parcela de pessoas que se definem como conservadoras é maior nesse grupo.
Ana entendeu e surfou nessa onda de conservadorismo, e é uma espécie de “Anitta” entre os jovens conservadores. Um furacão quando se trata de mobilização política e uma referência nacional quando o assunto é ser antifeminista. A treta com o feminismo começou lá em 2013, quando Campagnolo foi selecionada para participar de um mestrado na UDESC.
Então, mesmo que você discorde do posicionamento da Deputada Ana Campagnolo, é inegável que ela é ótima no que se propõe a fazer e é uma forte liderança no cenário político.
Fotos: Bruno Collaço, Agência AL.