Artigo de Jean Volpato, Vereador de Blumenau e Presidente do PT Blumenau
Santa Catarina tem uma das trajetórias políticas mais sólidas do Brasil. Um estado construído pelo esforço de sua gente, pela responsabilidade de seus representantes e por uma cultura política que, mesmo com divergências, sempre se guiou pelo trabalho sério. E é justamente por isso que não podemos aceitar que nosso território seja
transformado em refúgio eleitoral de quem tenta driblar a Justiça.
A possível candidatura de Carlos Bolsonaro por Santa Catarina não nasce de uma construção coletiva ou de qualquer vínculo com o povo catarinense. Ela nasce, isso sim, de uma estratégia desesperada de um ex-presidente já condenado por golpe de Estado, que tenta blindar o próprio filho.
E eu não falo isso sozinho, até mesmo lideranças que historicamente apoiam Jair Bolsonaro enxergam o equívoco e a imposição. Como afirmou a deputada Ana Campagnolo, “a candidatura do Carlos Bolsonaro ao Senado vem de cima para baixo”. A fala é explícita: essa decisão não passa pelos catarinenses, não ouve as bases e não respeita Santa Catarina.
A questão do Carlos Bolsonaro ultrapassa o campo ideológico: Santa Catarina exige respeito. E respeito, aqui, significa não tratar nosso estado como ferramenta, como esconderijo ou como manobra. Carlos Bolsonaro nunca atuou em nosso território, nunca participou da vida política catarinense, não conhece nossas regiões, não dialoga com nossas comunidades e jamais apresentou qualquer contribuição concreta ao nosso desenvolvimento. Ele não quer ser catarinense; ele só quer a nossa vaga.
E é importante dizer: o problema não é ele não ser do nosso estado. Santa Catarina sempre acolheu quem chega para viver, trabalhar e construir sua história conosco. Gente que vem para somar, que cria raízes, que participa da vida comunitária, que se torna parte do nosso tecido social. Esse é o jeito catarinense de ser.
Mas o caso de Carlos é completamente diferente: ele vem sem história, sem compromisso, sem vínculo e sem propósito. Vem apenas em busca de proteção política.
Santa Catarina não é curral eleitoral. Santa Catarina não é abrigo de condenados ou investigados. Santa Catarina não é trampolim para quem só aparece quando a Justiça bate à porta. Santa Catarina é maior do que isso.
Nossa gente tem orgulho, tem identidade, tem memória e tem futuro. E o futuro de Santa Catarina não será definido por quem tenta se esconder atrás do nosso povo para fugir das suas próprias responsabilidades.
É preciso firmeza para dizer: aqui não. Santa Catarina não será instrumento de fuga. Santa Catarina não será escudo para ninguém. Nosso estado merece representantes que conheçam nossa realidade, que estejam aqui nos momentos difíceis, que defendam nossas pautas e que respeitem nossas instituições.
Carlos Bolsonaro não quer representar Santa Catarina. Carlos Bolsonaro quer usar Santa Catarina. E nós, catarinenses, não permitiremos que isso aconteça.
E por isso, pela primeira vez posso dizer que Ana Campagnolo tem razão: Carlos Bolsonaro quer usar Santa Catarina para fugir da Justiça
