Artigo de Alan Schöeninger, graduado em Gestão Pública e sócio da NM80, assessoria técnica em gestão de convênios e captação de recursos.

Você confiaria a chave do cofre da prefeitura a um setor desorganizado, sem equipe técnica e fora do planejamento das ações?
Porque é exatamente isso que muitos prefeitos acabam fazendo, sem perceber.
O setor de convênios, ainda que não apareça na propaganda institucional nem renda curtidas nas redes sociais, é um dos mais estratégicos e decisivos da administração municipal.
E não estamos exagerando.
É pelos convênios que o dinheiro chega. E é por eles que ele pode ir embora.
Você sabe disso. A esmagadora maioria dos municípios brasileiros não realiza grandes obras ou investimentos com recursos próprios. O caixa é apertado, as receitas correntes mal cobrem o custeio da máquina e os serviços essenciais. O que muda a realidade de um município, e o legado de um governo, é a capacidade de captar e executar recursos externos: via transferências voluntárias, emendas parlamentares, programas estaduais e federais.
E você sabe; ao final do seu mandato o que ficará de maior legado? Obras!
E o canal por onde tudo isso passa?
O setor de convênios.
Quando funciona bem, o setor de convênios é invisível. Quando dá problema, vira manchete.
Setores de convênios eficientes se parecem com relógios suíços: discretos, silenciosos, mas precisos. Estão por trás da construção daquela nova creche, da pavimentação da avenida central, do posto de saúde que saiu do papel, do novo maquinário.
Agora, quando esse setor é negligenciado, quando é improvisado, desvalorizado ou esquecido, surgem as consequências:
• Perda de prazos;
• Diligências que paralisam o repasse de recursos;
• Devoluções ao erário;
• Suspensões por órgãos de controle;
• Impossibilidade de assinar novos convênios;
• E, claro, obras paradas.
O custo político e administrativo de um setor de convênios mal estruturado é altíssimo. E o mais grave: muitas vezes, o prefeito nem sabe o tamanho da bomba que está prestes a explodir.
Convênio não é só burocracia. É planejamento estratégico.
Um erro comum nas gestões municipais é tratar o setor de convênios como um cartório interno: apenas para “fazer documentos”, preencher planilhas e responder exigências. Esse é um erro grave.
O setor de convênios precisa estar diretamente envolvido no planejamento estratégico da prefeitura. Precisa dialogar com todas as secretarias. Precisa saber com antecedência quais são os projetos prioritários da gestão. Precisa ter acesso ao cronograma de obras. Precisa ser ouvido. Precisa ter equipe.
Convênios não se buscam só quando o edital abre. Eles se constroem com planejamento, com diálogo político, com articulação e com preparo técnico.
Equipe capacitada + apoio político + valorização interna + assessoria técnica = fórmula do sucesso.
Não adianta exigir resultados de um setor que trabalha com uma única pessoa sobrecarregada, sem capacitação, sem respaldo político e sem apoio externo.
Prefeito, olhe com carinho para a sua equipe de convênios. Invista em capacitações, em sistemas de gestão, em assessorias especializadas. Crie um ambiente em que esse setor seja respeitado, não só cobrado. Envolva-o nas reuniões de planejamento.
Valorize os técnicos. Dê estrutura.
Você vai se surpreender com o resultado.
Prefeito, seu legado pode estar passando pelo setor de convênios. Não ignore isso.
A maioria dos grandes marcos de uma gestão; asfalto, escolas, centros de saúde, tratores, ambulâncias, espaços de lazer, chegou por meio de um convênio.
Mas convênio não cai do céu. Convênio se busca. Convênio se planeja. Convênio se executa com rigor. Convênio se presta contas com responsabilidade.
Prefeito, se você quer uma gestão marcada por entregas reais, que transforme sua cidade e que seja lembrada no futuro, olhe agora mesmo para o seu setor de convênios.
A chave do seu legado pode estar ali.