
Um estudo divulgado nesta semana reforça com dados o que o setor audiovisual brasileiro há muito tempo reivindica: sua relevância econômica. A consultoria Oxford Economics estimou que a indústria audiovisual gerou um impacto de R$ 70,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024. Foram contabilizados 608.970 empregos diretos, indiretos e induzidos, o que representa 0,6% da economia nacional.
Encomendado pela Motion Picture Association (MPA) e lançado durante o RioMarket, braço de negócios do Festival do Rio, o estudo calcula que o audiovisual gerou um impacto de R$ 70,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024. Isso representa 0,6% do total da economia nacional, percentual equivalente ao de setores historicamente consolidados.
Mas talvez o dado mais revelador esteja na força de trabalho. Foram 608.970 empregos diretos, indiretos e induzidos criados pela cadeia audiovisual. O número representa 50% a mais do que a indústria automotiva instalada no país e número equivalente ao da indústria farmacêutica. No comparativo com o setor têxtil, o audiovisual também supera.
A remuneração média também impressiona: cerca de R$ 6.800 mensais, ou 84% acima da média nacional. E, para além dos empregos e salários, o setor também responde por R$ 9,9 bilhões em arrecadação de impostos, consolidando-se como uma engrenagem ativa e relevante para a máquina pública.
O estudo reforça ainda o chamado “efeito multiplicador” da cadeia audiovisual. Para cada R$ 10 milhões gerados pelo setor, outros R$ 12 milhões são impulsionados em diversas áreas da economia. É o que explica, por exemplo, o impacto positivo sobre o turismo e o fenômeno do “turismo de tela”.
Todos esses dados chegam em um momento decisivo. O setor conquistou recentemente um novo marco institucional: a criação da Federação do Comércio e Indústria Audiovisual (Fica), que passa a representar de forma unificada os interesses do segmento junto ao governo e a outras entidades. A medida foi articulada após o reconhecimento do audiovisual dentro do programa Nova Indústria Brasil, uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A expectativa é de que, com a consolidação de políticas públicas específicas, o Brasil possa almejar voos maiores, como o que ocorre em países como a Coreia do Sul, que em 2023 exportou mais de US$ 14 bilhões em conteúdo audiovisual e musical, apoiado por uma política de Estado robusta e integrada.
O Brasil tem território, criatividade e estrutura técnica para alçar esse patamar. O que o setor precisa agora é previsibilidade, investimento e uma estratégia nacional que reconheça a cultura como vetor econômico e de desenvolvimento.