Avril Lavigne, Justin Bieber e Bella Hadid: Por que a Doença de Lyme virou alerta

Saiba o que é a doença de Lyme, que atingiu diversos famosos. Foto: Instagram

Quando celebridades como Avril Lavigne, Justin Bieber e Bella Hadid usam suas plataformas para falar sobre a Doença de Lyme, o debate sobre esta infecção bacteriana, transmitida por carrapatos, ganha a atenção que merece. Os relatos de fadiga extrema, dores persistentes e a longa busca por um diagnóstico correto revelam a complexidade da condição.

Doença de Lyme é uma infecção causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, transmitida pela picada de carrapatos infectados (do gênero Ixodes em sua forma clássica, mais comum nos Estados Unidos). Segundo o Manual MSD, usado por profissionais de saúde por todo o mundo, a doença avança em estágios. A transmissão é mais provável se o carrapato permanecer aderido à pele por mais de 36 horas.

Inicialmente, ela se manifesta com a característica lesão de pele conhecida como eritema migrans (uma mancha avermelhada que se expande, muitas vezes com aspecto de alvo), acompanhada de febre, calafrios, dores musculares e fadiga, sintomas que podem ser confundidos com uma gripe. Sem tratamento, a infecção pode se espalhar, gerando complicações mais sérias semanas ou meses depois, afetando articulações (causando artrite, principalmente no joelho), coração (cardite de Lyme, que pode levar a irregularidades no ritmo cardíaco) e o sistema nervoso (meningite, paralisia facial temporária, dormência ou fraqueza nos membros).

O diagnóstico é desafiador, principalmente nos estágios tardios, pois os sintomas imitam várias outras condições. O Manual MSD afirma que o diagnóstico é baseado na erupção cutânea típica e na possibilidade de exposição a carrapatos, sendo complementado por exames de sangue que detectam anticorpos contra a bactéria. No entanto, esses exames podem ser inconclusivos no início ou permanecer positivos por anos mesmo após a cura.

O tratamento precoce é essencial e, na maioria dos casos, é feito com antibióticos orais, como Doxiciclina ou Amoxicilina, por cerca de 10 a 21 dias. Quando há envolvimento neurológico ou cardíaco, o tratamento intravenoso pode ser necessário. Contudo, uma parcela dos pacientes pode desenvolver a Síndrome Pós-Tratamento da Doença de Lyme, caracterizada pela persistência de dor, fadiga e problemas cognitivos mesmo após a conclusão do tratamento antibiótico.

O Cenário no Brasil: Lyme Símile

O Ministério da Saúde aponta que o Brasil não registra a Doença de Lyme clássica (americana), mas sim uma variante local chamada Síndrome de Baggio-Yoshinari (ou Doença de Lyme Símile Brasileira), identificada desde 1992. Essa síndrome é causada por bactérias Borrelia que possuem características genéticas diferentes devido aos carrapatos brasileiros (Amblyomma cajenense e outros gêneros).

Apesar de a condição ter manifestações clínicas semelhantes à da Lyme tradicional, o diagnóstico no Brasil é frequentemente confundido com a Febre Maculosa, que é mais comum em nosso território e possui alta taxa de letalidade. Isso reforça a necessidade de vigilância epidemiológica e diagnóstico diferencial preciso por parte dos profissionais de saúde.

A melhor prevenção, tanto para a forma clássica quanto para a variante brasileira, é evitar áreas de alta infestação de carrapatos e usar roupas longas e repelentes. Caso encontre um carrapato, a remoção deve ser feita com cuidado, e a observação de sintomas como a mancha vermelha ou febre deve motivar a busca imediata por auxílio médico. O tratamento rápido e específico é a chave para evitar as graves complicações que assombraram a vida de tantas personalidades públicas.

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