Por Bia Vargas
A votação, em Brasília, que aprovou a tarifa social de água e esgoto escancara um problema grave em Santa Catarina: o rebaixamento da política do Estado.
Dos nossos 16 deputados federais, metade votou contra o projeto. A questão em si não é nem objetivamente esta matéria, muito embora eu a defenda, é claro. Mas a sistemática posição contrária aos projetos de lei que são oriundos do Executivo, ou apoiados pelo presidente Lula.
Alguns deles, inclusive, usam como autopromoção o fato de voltarem 100% contra o governo, um posicionamento deprimente, que rebaixa a política e mostra que estes parlamentares não estão ali para fazer o trabalho para o qual foram eleitos, mas para cumprir uma agenda ideológica em favor de outra pessoa. Isso não é oposição.
A ideologia é fundamental no exercício da atividade parlamentar, mas nenhum mandato pode ser puramente ideológico, porque a vida das pessoas não é. Se estivéssemos em meio à pandemia, votariam contra o auxílio emergencial?
O Partido dos Trabalhadores, quando oposição a qualquer governo – e isso inclui o anterior – jamais deixou de votar com a base governista quando entendia que o projeto em questão era positivo. E não só o PT, é assim que se faz política, a oposição critica e regula a atividade do Executivo, faz a disputa política e ideológica, mas nao tenta sabotar o governo, porque o resultado do que acontece nos parlamentos é o que vai impactar diretamente a vida das pessoas.
A função do parlamentar, neste caso em âmbito federal, também é construir com o governo, seja aliado ou não, uma relação razoável, que permita auxiliar prefeitos e vereadores na interlocução com ministros e com o próprio presidente na intenção de resolver as demandas de cada localidade.
Quando nosso Estado elege deputados que não têm compromisso com os seus próprios eleitores, é isso que acontece. Um apanhado de subcelebridades e oportunistas assumem posições importantes na política e prejudicam a vida de quem eles deveriam representar.
Fazer política exige responsabilidade, mesmo na “nova política” das trends de tiktok e das fake news. Este segundo, algo que os apoiadores do antigo presidente gostam muito. Precisamos votar melhor e isso não quer dizer que vamos votar igual, mas nossos representantes, em todas as esferas da política, independente do que defendam, tem que estar preparados para a importante função que irão ocupar.
Bia Vargas (PT) é empresária e concorreu a vice-governadora em 2022.