Bolsonaro na Paulista teve Jorginho no camarote e João Rodrigues na pipoca

Jorginho com Bolsonaro no almoço antes do ato na Avenida Paulista, onde estava João Rodrigues com manifestantes

Que me desculpe o leitor que não gosta de Carnaval, mas ver tanta gente animada na avenida em frente a um carro de som me trouxe boas lembranças de alguns dias atrás. O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve um tom de folia momesca quando se compara com outras manifestações capitaneadas pelo capitão, especialmente aquela de 7 de setembro de 2021, quando na mesma Avenida Paulista ele xingou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e prometeu a uma multidão em catarse que não obedeceria suas decisões.

Ouvindo e depois lendo calmamente o discurso proferido pelo ex-presidente na tarde de domingo, fica a sensação de que dessa vez ele não vai precisar chamar o também ex-presidente Michel Temer (MDB) para varrer os cacos para baixo do tapete. Mais comedido que o usual, Bolsonaro fez um resumo sua trajetória política, defendeu as ações dos quatro anos de governo, pediu anistia aos envolvidos na invasão das sedes dos poderes em 8 de janeiro de 2023 – que ele chamou de “pobres coitados” – e jurou que não tentou golpe de Estado após a derrota para o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.

Exaltou, como já pedira quando convocou o ato, a fotografia de apoio popular para mostrar ao mundo, como um salvo conduto contra as investigações que o vinculação à suposta tentativa de mudar na caneta e através de conspiração militar o resultado das urnas.

Nada fora das propaladas “quatro linhas” da Constituição, como gosta de dizer o ex-presidente na sua metáfora futebolística. A sensação que fica, para manter o ritmo carnavalesco deste texto, é de que Bolsonaro subiu no trio elétrico e mandou um imenso “não mexe comigo, que eu não ando só” para ser ouvido em Brasília. E não foi além disso.

Outra foto importante nesse contexto é aquela que reúne governadores eleitos sob a popularidade de Bolsonaro ao seu redor. O catarinense Jorginho Mello (PL) correu contra o tempo para participar dela, antecipando em um dia o retorno da missão oficial nos Emirados Árabes para integrar o ato. Sorte dele que nessa viagem o fuso horário jogou a favor e ele conseguiu pegar o almoço (e a imagem) com o ex-presidente e os colegas de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Romeu Zema (Novo).

No Carnaval de Bolsonaro, Jorginho tinha a pulseira do camarote. Também subiu ao palco, mas sem direito a discursar – privilégio único de Tarcísio, o anfitrião, entre os governadores.

Enquanto isso, talvez antecipando uma disputa pelos corações bolsonaristas em 2026, o prefeito chapecoense João Rodrigues (PSD) estava na comitiva de políticos catarinenses que ficou no asfalto confraternizando com os manifestantes, misturado a eles. Em vídeo para as redes sociais, mostrou o ponto alto dessa participação: uma vídeo chamada em que pôde mostrar a face de Bolsonaro para delírio do povo ao redor.

No Carnaval de Bolsonaro, João Rodrigues ficou na pipoca e fez de tudo para fazer dela seu palco.



Fotos – Jorginho ao lado de Bolsonaro no almoço, João Rodrigues na vídeo chamada com o ex-presidente. Créditos: Redes sociais de Jorginho e João Rodrigues.

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