Se tem algo que o governador Jorginho Mello (PL) sabe fazer muito bem é não repetir erros alheios. Ele sabe que sua vitória eleitoral de 2022 é diretamente ligada à popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Santa Catarina e que o crescimento do PL nos municípios depende umbilicalmente dessa relação. Então, sempre haverá espaço em sua agenda para o ex-presidente.
Em 2019, o então governador Carlos Moisés, ainda no PSL, não soube cuidar dessa relação. Eleito na primeira onda Bolsonaro, aquela do 17, achou que teria condições de imprimir estilo próprio e que seria depois julgado pelos próprios resultados. Ganhou a rejeição contudente de quem o elegeu.
Jorginho não teve dúvidas sobre a participação em mais um comício de Bolsonaro patrocinado pelo pastor Silas Malafaia, desta vez no Rio de Janeiro. O ex-presidente mostrou que é e continua sendo a liderança política brasileira com maior capacidade de mobilização popular – e quem discordar da frase que prove o contrário levando mais gente do que ele para a rua.
O comício em si teve poucas diferenças em relação ao que foi realizado em São Paulo em fevereiro. Comedido nas críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal (STF), em especial ao antagonista Alexandre de Morais, Bolsonaro mais uma vez deixou a verborragia para Malafaia. De novidade, o pedido de aplauso para o bilionário Elon Musk, dono do antigo Twitter, hoje X, que se somou à cruzada contra as decisões de Morais em relação a conteúdos golpistas nas redes sociais.
Bolsonaro em SC mais uma vez
Para os catarinenses, o evento do Rio de Janeiro antecede mais uma visita do ex-presidente ao Estado que disputa a condição de mais bolsonarista do país. O PL estadual anuncia desde o final de semana agenda de Bolsonaro nesta terça-feira, começando com uma recepção no próprio Aeroporto Internacional Hercílio Luz – aos moldes das recepções que marcaram a pré-campanha de 2018, quando se elegeu presidente.
Depois, repete a passagem pelo Mercado Público da visita mais recente a Florianópolis. Na Capital, almoça com lideranças políticas de forma mais reservada, em encontro organizado por Jorginho Mello. É provável a presença de pré-candidatos do PL a prefeituras de peso.
À noite, Bolsonaro encerra mais uma visita no tradicional Congresso dos Gideões, onde também já esteve. O ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro serão atrações de peso por lá.
Em 2020, as eleições municipais aconteceram com Bolsonaro acuado pela pandemia, sem partido e com um governador desalinhado e preocupado com um processo de impeachment. O bolsonarismo não foi relevante na urna, a ponto de fazer parecer à politica tradicional que a onda tinha cessado. Bolsonaro pouco de envolveu e poucos elegeu naquela disputa por prefeituras.
Após a derrota de 2022 para Lula (PT), muito se perguntaram se Bolsonaro teria ímpeto para vir a Santa Catarina com frequência e disposição para eleger seus aliados no Estado. Com mais uma visita em menos de um mês, vai ficando claro que a o ex-presidente será presença constante entre os catarinenses.
E Jorginho, claro, estará sempre ao lado dele.
Foto: Jorginho Mello perfila com o governador Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e Bolsonaro no palanque carioca.
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