Brasília: o que o Agro precisa saber (semana de 6 a 11 outubro)

Nesta edição Brasília: o que o Agro precisa saber, a semana reforçou dois vetores que vêm moldando o agro: a pressão sobre crédito e regulação, e o descompasso entre discurso e prática na infraestrutura rural. O governo avançou com anúncios de linhas de renegociação de dívidas e foco em apoio emergencial ao produtor, mas a concretização depende do fluxo orçamentário. No Congresso, as discussões ambientais ganham corpo — mas ainda há risco de desidratação das propostas em comissão. Enquanto isso, nos mercados, soja, milho e café mostraram resiliência diante da volatilidade cambial, sinal de que o setor segue com alguma folga para resistir a choques externos.

Por Letícia Schlindwein da Agro Agência Catarina — direto de Brasília

📈 Destaques da Semana

Crédito rural reaberto — Bancos públicos e o BNDES anunciaram abertura de renegociações para produtores afetados por secas e enchentes. Isso acena com uma respirada para quem sofre com custos elevados, mas depende de tramitação rápida dos distratos.

Infraestrutura vicinal em foco — O estudo da CNA reacendeu o debate: com mais de 80% das vicinais fora dos padrões, a logística internalizada emperra o escoamento. Sem avanço concreto nos projetos, o gargalo segue sendo um dos maiores freios à competitividade.

Legislativo movimentado — A Câmara criou subcomissão para obras do agro, e no Senado há pressão por temas como licenciamento ambiental e carbon pricing. A briga agora é para que as pautas não fiquem só no papel.

Vetos e disputas ambientais — A ministra Tereza Cristina solicitou análise de vetos à lei de licenciamento ambiental — uma sessão conjunta do Congresso está prevista para a próxima semana. Isso pode definir o tom regulatório até o fim do ano.

Exportações como alicerce — Mesmo com câmbio instável e pressões externas, soja e milho seguiram sustentando o saldo comercial do agro. Essa solidez externa funciona como rede de segurança — mas não elimina fragilidades estruturais.

💹 Tá Quanto? — Indicadores & Mercado (YTD)

IBOVESPA (B3): 141.708,19 (+19,55%) — Alta puxada por papéis do agro e commodities exportáveis.

RAIZ4: R$ 0,88 (–58,69%) — Reação tardia e fragilidade de segmentos menos estruturados.

ABEV3: R$ 11,72 (+5,35%) — Resiliência moderada apesar da inflação pressionar insumos.

BEEF3: R$ 6,46 (+35,71%) — Reflexo direto do bom momento da pecuária e contratos externos.

Bitcoin: US$ 121.572,69 (+23,92%) — Busca por retorno alternativo em ambiente de juros altos.

Ethereum: US$ 4.365,814 (+21,10%) — Sentimento de risco e narrativa DeFi sustentando a demanda.

🚜 Radar do Agro

  • Monitoramento intensificado da subcomissão da Câmara para obras rurais — risco de atraso se faltar articulação política.
  • Evolução dos vetos ao licenciamento ambiental: ponto nevrálgico para o modelo regulatório até o fim do ano.
  • Pressão por carbon pricing e mercado de crédito de carbono: atenção às negociações nos colegiados do Senado.
  • Fluxo de negócios internacionais: demanda chinesa e acordos comerciais seguem como gatilhos macro.
  • Ajustes estratégicos das multinacionais de máquinas agrícolas, em especial diante de tarifas e juros — alerta vermelho para distribuidoras.

🏛️ O que Acompanhar

Quarta-feira (15/10) — sessão conjunta do Congresso analisará vetos da lei de licenciamento ambiental solicitados por Tereza Cristina.


Quinta-feira (16/10) — reunião de comissão mista pode pautar projetos de crédito rural sustentável e mudanças no FUNRURAL.


Sexta-feira
(17/10) — audiência pública prevista na Comissão de Agricultura para debater certificação e mercado de carbono.


Durante a semana — articulações nos bastidores com bancos públicos para detalhamentos da linha emergencial de crédito rural anunciado.

⚡ PIB do Agro

O PIB do agronegócio em 2025 deve crescer 7,4%, segundo estimativa da CNA.
Em série histórica, o agronegócio pode representar 29,4% do PIB nacional neste ano.
Traders observam insegurança regulatória como principal risco não precificado atualmente.
Fábricas de tratores já sinalizam recuo discreto em vendas estimado para 2026.

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