SC aponta caminhos para o Brasil. Por Bruno Souza

Bruno Souza artigo

Por Bruno Souza

O Brasil está passando por uma mudança demográfica preocupante: nossa população está envelhecendo muito rapidamente. A maioria dos países aproveita o período em que a maior parte de sua população é jovem para enriquecer, acumular capital e tornar sua economia produtiva, aproveitando o chamado Bônus Demográfico.

Uma economia pode crescer basicamente por duas razões: com o incremento da tecnologia ou com mais trabalhadores! Quando o país é jovem, isso significa que mais trabalhadores estão entrando no mercado, ajudando a aumentar o PIB e o crescimento do país. Neste período, o país deve se tornar produtivo; caso contrário, sua população envelhecerá sem os trabalhadores jovens e sem o capital tecnológico, representando o pior cenário possível.

Podemos visualizar uma fábrica como exemplo: ela tem a capacidade de aumentar sua produção de duas maneiras principais, seja contratando mais mão de obra ou investindo em máquinas mais avançadas e aperfeiçoando seus processos e métodos. Caso a fábrica opte por não adquirir novas máquinas, eventualmente os trabalhadores atuais se aposentarão, deixando vagas que não serão preenchidas.

É exatamente isso que está acontecendo com o Brasil: estamos passando por uma das mais rápidas transições demográficas da história! Para termos uma ideia, a França levou quase 120 anos para que a parcela de sua população com 65 anos ou mais dobrasse de 7% para 14%. O Brasil fará essa transição em menos de 20 anos!

Isso é extremamente preocupante porque nossa produtividade insiste em não avançar: desde a década de 1980, a produtividade média do trabalhador brasileiro está estagnada. Isso significa que, enquanto noutros países o trabalhador se tornou mais produtivo, aqui continuamos a produzir a mesma parcela de PIB por trabalhador.

A transição demográfica brasileira acontece porque o brasileiro está vivendo mais e, ao mesmo tempo, as famílias brasileiras reduziram rapidamente a quantidade de filhos. Na década de 60, cada mulher brasileira tinha, em média, 6 filhos. Na década de 80, 4 filhos; na década de 2000, 2 filhos.

Atualmente, essa média está em 1,65 filhos, abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1 filhos por casal. Essas mudanças estão relacionadas à escolha da mulher de ter filhos mais tarde (ou não tê-los), à maior participação feminina no mercado de trabalho e ao acesso à educação.

Em 2022, o Brasil registrou 2,5 milhões de nascimentos, uma queda de 3,5% em relação a 2,6 milhões no ano anterior, o menor nível desde a década de 1970, segundo a Estatística de Registro Civil. As regiões do Nordeste (-6,7%) e Norte (-3,8%) tiveram os maiores recuos. O Estado com a maior queda foi a Paraíba, com 9,9%. Os únicos Estados com acréscimo nos nascimentos foram o Mato Grosso (1,8%) e… Santa Catarina (2,0%).

Portanto, Santa Catarina é o Estado com o maior acréscimo no número de nascimentos. Vários fatores explicam essa natalidade, incluindo motivos culturais locais e o fato de o estado ser o principal destino de migração interna no Brasil. Muitos casais escolhem nosso Estado para constituir suas famílias e ter filhos aqui.


Isso é uma ótima notícia para o Estado: segundo o Centro de Liderança Pública, nosso Estado possui a força de trabalho mais qualificada e produtiva do país. Com o maior número de jovens continuando a entrar no mercado de trabalho, podemos esperar um crescimento médio do PIB catarinense acima da média brasileira por muitos anos.

Enquanto o Brasil busca soluções para superar a estagnação da produtividade e os desafios de uma rápida transição demográfica, Santa Catarina exemplifica como políticas focadas na qualificação da força de trabalho e na atração de jovens famílias podem oferecer um caminho promissor.

O Estado se destaca não apenas pela sua capacidade de atrair e reter talentos, mas também demonstra que é possível contrariar os efeitos adversos do envelhecimento populacional com estratégias que fomentem o crescimento econômico e a inovação. Dessa forma, Santa Catarina não está apenas salvando a si mesma, mas também apontando um caminho para o resto do Brasil.



Bruno Souza (PL) foi deputado estadual e vereador por Florianópolis.

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