O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não esconde de ninguém a meta de garantir a maioria no Senado nas eleições do ano que vem, quando entram em disputa 54 das 81 cadeiras de senador – dois eleitos por Estado. Nessa composição, além das lideranças locais fieis ao bolsonarismo, também entra na prancheta a descentralização da própria família Bolsonaro.

O movimento não é novo. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) fez carreira em São Paulo, com os primeiros mandatos conquistados ainda quando Jair Bolsonaro era deputado federal pelo Rio de Janeiro, estado em que Flávio Bolsonaro (PL) é senador e deve disputar a reeleição. Nesse contexto, Eduardo já foi citado por Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, como o nome do partido para o Senado em São Paulo.
Responsável pelo marketing digital da vitória do pai na disputa presidencial em 2018, Carlos Bolsonaro (Republicanos) viu a ascenção da família a partir de sua cadeira de vereador na cidade do Rio de Janeiro. Agora, mirando também o Senado, pode migrar de mala, cuia e título eleitoral para Santa Catarina.
É o que aponta apuração da jornalista Bela Megale, de O Globo, confirmada por Letícia Casado, do Uol. Aqui em Santa Catarina essa conversa já foi ouvida e descartada, mas deve mexer com os meios políticos e as configurações pré-eleitorais. Em 2022, Jair Bolsonaro não teve dificuldades para eleger Jorge Seif, sem experiência eleitoral anterior, senador por Santa Catarina. Ano passado, o filho Jair Renan conquistou a cadeira de vereador em Balneário Camboriú.
Para o PL catarinense e, especialmente, para o projeto de reeleição do governador Jorginho Mello (PL), uma eventual candidatura de Carlos Bolsonaro traria vantagens e desvantagens. Caso confirmada a ideia, o governador atrelaria ainda mais seu nome ao do ex-presidente, dificultando o avanço de João Rodrigues (PSD) no eleitorado que tem garantido vitórias eleitorais em Santa Catarina desde 2018.
Ao mesmo tempo, perderia uma vaga na chapa majoritária para composições. Teria que sacrificar a cada vez mais consolidada pré-candidatura de Caroline de Toni (PL) ao Senado ou negar a vaga para um aliado de peso, como a federação União Progressista, que tem o senador Esperidião Amin (PP) como pré-candidato a reeleição. Se a federação cair no colo de João Rodrigues, a pré-candidatura ao governo ganha fôlego.
Claro que se a ideia de Bolsonaro for mesmo colocar o filho carioca para disputar o Senado por Santa Catarina, Jorginho não tem margem para outra coisa além de achar bom ou ruim.