O presidente Lula irá conhecer em detalhes a situação dos Animais Exportados Vivos no Brasil. Durante a inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis, foi entregue à Assessoria da Presidência da República, com promessa de chegar as mãos dele e da primeira-dama Janja, a denúncia sobre esta excrescência que é o transporte de animais por via marítima.
Os ativistas da causa animal, e contra este horror que é a carga viva, e me coloco entre eles, vivem gritando as ilegalidades das exportações. Inclusive o Ministério Público Federal já se posicionou contra, reagindo favorável à questão do bem estar animal, prevista na Constituição Federal. Em 19 de julho o MPF declarou-se favorável à manutenção da proibição da exportação através de liminar de 2023, dada pela Justiça Federal.
Entre outras coisas, o texto diz: “O mesmo Brasil que veda, inelutavelmente, práticas que submetam animais à crueldade, não pode permitir que milhares de bovinos sejam impensados em um navio para, após duas semanas de viagem marítima, em péssimas condições de alimentação, acondicionamento, higiene e sanitárias, para serem enfim abatidos.”
É preciso lembrar que em maio o Reino Unido anunciou a proibição da exportação de animais vivos. Na Nova Zelândia, Grã-Bretanha e Luxemburgo, a proibição já é realidade. A Austrália, que é o maior exportador de animais, já declarou que o comércio terá fim em maio de 2028.
Anexados à carta, encaminhada ao presidente Lula e à Janja, estão três pareceres técnicos, com fotos, das médicas veterinárias, Magda Regina e Maria Eugenia Carretero, Perita Judicial, e do biólogo Frank Alarcón, Doutor em Bióetica e Ética Aplicada. Estes relatórios mostram a situação dos animais antes, durante e após o embarque, exibindo toda a sorte de sofrimento que os aflige durante o quase um mês que permanecem dentro dos navios boiadeiros.
Nas embarcações, conhecidas como navios sucata, tal a falta de condições de navegação, os animais ficam imersos em urina e fezes, e, obviamente, muitos adoecem e morrem, como mostrou a inspeção do Conselho Nacional da Sociedade para Prevenção da Crueldade contra Animais da África do Sul (NSPCA) feito no Navio Al Kuwait, que partiu do Porto de Rio Grande, em fevereiro deste ano.
A situação encontrada dentro da embarcação, por técnicos, ativistas e veterinários resultou na alcunha de “navio da morte” Oito animais estavam tão feridos que precisaram ser sacrificados, além dos já encontrados mortos. Também havia muitos doentes e machucados, que foram atendidos pelos veterinários. Eles contaram ter visto que em alguns dos currais havia “lama” de urina e fezes até o topo dos cascos.
Membros da Organização para Alimentos e Agricultura da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmaram, durante a pandemia de COVID, em 2021, que o transporte de animais vivos favorece a propagação de doenças, inclusive para humanos.
Há dois PLs no Congresso Nacional que determinam o fim da atividade. Mas, ainda, é possível o fim da a exportação de animais vivos, caso o Presidente Lula, peça à AGU (Advocacia Geral da União) que retire o recurso, feito à Ação impetrada pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e que teve liminar pela proibição deste tipo de negócio. Sendo retirado o recurso da União, impetrado pelo governo anterior, a Exportação de Animais Vivos estará novamente proibida até o julgamento do mérito, para o qual o Ministério Público já deu o parecer.
“Malditas sejam todas as cercas!
Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar!
Malditas sejam todas as leis, amanhadas por umas poucas mãos, para ampararem cercas e bois e fazerem da terra escrava e escravos os homens!”
Denúncia profética de Dom Pedro Casaldáliga
A edição da foto aqui postada é obra de Denise Trolezi, o poema foi-me entregue por Solange de Fátima Teixeira, duas ativistas, que com muitos outros combatem fervorosamente as Exportações de Animais Vivos.