7 de setembro coloca Jorginho e Tarcísio juntos com a extrema direita

O 7 de Setembro clareou posições políticas de importantes personagens. Aqui na província, o governador Jorginho Mello (PL) vestiu a camisa bolsonarista com a máxima intensidade possível: recebeu o vereador Renan Bolsonaro, com quem fez fotos. Ainda: apoia o nome do atual vereador carioca Carlos Bolsonaro para ser candidato a senador por Santa Catarina, nas eleições de 2026. Isso, apesar, por exemplo, da expressa contrariedade da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), e de outros atores relevantes, em relação a um forasteiro vir para cá, apenas para tentar compor o Senado, mesmo desconhecendo a realidade socioeconômica do Estado.

Jorginho Mello e Tarcísio de Freitas se alinham à extrema direita, usando a proposta de anistia aos atos de 8 de janeiro como manobra política
Foto: Eduardo Valente, Secom-SC.

Não surpreende. A aposta do governador é se reeleger, tendo por base principal o eleitorado identificado com o bolsonarismo. Tem lógica: Santa Catarina é o Estado que deu maior votação proporcional a Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais.

Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas, no dia 7, passou do ponto ao dizer que o ministro do STF, Alexandre de Moraes é “tirano”, fazendo forte defesa de Bolsonaro. Manchou sua biografia. O objetivo é óbvio: ser o candidato a presidente da República, com apoio da extrema direita da cena política nacional. Ele será esse candidato, contra Lula. Ainda em São Paulo, os bolsonaristas estenderam uma bandeira gigante dos Estados Unidos em evento comemorativo ao dia da Independência do Brasil.

O jogo está sendo jogado. Veremos meses incandescentes, a partir do fim deste ano, quando se iniciar a pré-campanha. Dito isso, a mesma extrema direita quer anistia ampla, geral e irrestrita para os criminosos dos atos do 8 de janeiro. Na verdade, o interesse essencial, para este grupo, é tentar viabilizar o nome de Jair Bolsonaro como candidato a presidente em 2026. Apesar dele estar inelegível. A intenção é esticar a corda para ver onde ela arrebenta.

A História nos mostra os efeitos de uma anistia. Em 1956, o então presidente da República, Juscelino Kubitscheck, anistiou os militares que tentaram impedir sua posse, em 1955. A concessão da anistia estimulou militares a desfechar o golpe de 1964 – esse, sim, bem sucedido, e que resultou em período ditatorial até 1985. Fica claro que a anistia pretendida pelo bolsonarismo, agora, é uma manobra contra a Democracia e contra o Estado de Direito.

Um Congresso dominado pelo pensamento ultraconservador acena a Jair Bolsonaro, e se articula, com força, para viabilizar a votação do projeto de anistia.

É preciso compreender o momento histórico. O julgamento de Jair Bolsonaro e seus principais seguidores está em curso no Supremo Tribunal Federal. Na sexta-feira, dia 12 de setembro, será anunciada sentença, previsivelmente condenatória por crimes de tentativa de golpe de Estado, e abolição do Estado de Direito, entre outros.

Neste contexto de disputas, e com o líder máximo da extrema direita condenado e prestes a ser preso, o Partido Liberal e outros, tendem a radicalizar ainda mais, insistindo na necessidade de ideia de anistia como fator de apaziguamento político. Diante do embate radical que se avizinha por conta das eleições, bem ao contrário, a anistia, significaria o acovardamento do apaziguamento, como se viu em 1956, com suas consequências conhecidas, como mostramos.

Assim, com uma eventual anistia aos criminosos do 8 de janeiro, tendo Jair Bolsonaro no comando, o que virá em seguida?

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