A balança entre o crescimento econômico e o bolso do povo

O povo não vê PIB

A frase é um tanto sarcástica e está nas redes sociais dos bolsonaristas. Sarcástica ou não, sintetiza o que está acontecendo nos últimos meses.

A economia brasileira cresce, mas a população não enxerga isso no seu cotidiano. A inflação – e principalmente os preços da comida – são problemas enormes, que o governo não consegue resolver.

Problemas climáticos, alta do dólar e tantos outros fatores tornam a comida a principal vila. Sim. A inflação está subindo.

O relatório Focus, divulgado nesta segunda feira, 27, expressa essa percepção. Na semana passada, os bancos estimaram a inflação para este ano em 5,08 por cento. Agora, a projeção passou para 5,50 por cento.

Em compensação, o PIB – conjunto de todas as riquezas produzidas no Brasil – se inclina para cima. Por agora, os cálculos apontam para incremento de 2,08 por cento, aumento ligeiro em relação ao prognóstico de sete dias atrás.

Vamos nos deter nos efeitos dos preços dos alimentos sobre o bolso do povo.

1. Os reajustes salariais, que ocorrem uma única vez por ano, não acompanham a espiral de preços dos alimentos.
2. Isso implica em clara percepção de redução de poder de compra.
3. O que dizer, então, do simbolismo da promessa do presidente Lula de que o povão iria comer picanha e tomar cerveja porque a vida melhoraria.
4. A dois anos e meio das eleições (uma campanha, na prática, está começando na internet) será absolutamente improvável que o governo consiga vencer e, de fato, “colocar o pobre no orçamento”.
5. O conceito é correto; sua implementação é muito difícil, sabendo-se a quantidade de interesses no jogo. Principalmente, numa sociedade tão desigual e injusta como a nossa.
6. Há décadas, nos Estados Unidos, uma frase ficou marcada durante a campanha eleitoral: “é a economia, seu estúpido”. Uma forma contundente de dizer que a situação econômica e a percepção que a população tem sobre seu padrão de bem-estar são os fatores que definem o resultado das eleições presidenciais.

Sim. Lula, nesse terceiro mandato, não produziu a manchete prometida. Não há um slogan forte que convença a sociedade de que as coisas estão melhorando.

Por isso, estudos para reduzir imposto de importação de produtos de longo consumo estão na mesa. As reuniões entre Fazenda, Casa Civil, Agricultura e lideranças empresariais do varejo e do atacado precisam surtir algum resultado.

Sob pena de Lula e o PT não tiveram uma bandeira política para erguer durante a campanha de 2026.

Dezesseis meses antes

O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), antecipou o jogo eleitoral de 2026 no Estado, ao colocar seu nome como pré-candidato Governador de Santa Catarina.

Estamos em janeiro de 2025 e as convenções partidárias que oficialização dos nomes dos postulantes só acontecerão a partir de junho do próximo ano!

Ao fazer este gesto, Rodrigues pensa em várias coisas.
1. Quer demonstrar capacidade de liderança.
2. Articula previamente para ter o máximo de adesões de prefeitos e Vereadores já na largada, e comprometer estes políticos com o seu projeto.
3. Espera a ocorrência do governador Jorginho Mello, agora adversário direto e declarado.
4. Vai observar como outros possíveis candidatos a governador vão mexer nas peças no tabuleiro. Em especial, o prefeito de Joinville, Adriano Silva (NOVO), que por ora se recolhe ao silêncio quando o assunto é eleição de 2026.

Os super super ricos

Family offices é um conceito referente a serviços de consultoria privada e de gerenciamento de patrimônio de famílias com patrimônio bilionário.

No Brasil há 146 family offices, de acordo com a ANBIMA. Os gestores de family offices cuidam de estratégias fiscais, gerenciamento de portfólio, transferência de riqueza geracional, doações de caridade, planejamento financeiro e imobiliário, seguros.

O estudo da Delloite Consultoria ainda mostra que, em 2024, havia, no mundo, 8.030 family offices.

Cinco anos antes, em 2019, eram 30 por cento a menos! Mais: em 2030 haverá 10 mil family offices. Atualmente, elas administram 5 trilhões e 500 bilhões de dólares.

Em 2030 administraremos 9 trilhões e 500 bilhões de dólares.

Alguém discorda que há uma concentração de renda absolutamente exagerada?

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