Coluna do Loetz: Joinville escapa da bolha imobiliária, mas SC perde competitividade em áreas estratégicas

Bolha imobiliária em Joinville ainda está longe

“Quem compra terra não erra”. A frase é bem antiga e indica o acerto (muitas vezes) de quem adquire bens imóveis e espera pela sua valorização ao longo do tempo.

Vários municípios catarinenses estão com imóveis em crescente alta de preços, especialmente na região do litoral, com Balneário Camboriú, Itapema, Itajaí e Florianópolis como destaques.

E, claro, Joinville, onde o metro quadrado também sobe ano a ano. Um dos parâmetros mais utilizados para entender a evolução dos negócios imobiliários é o índice FIPE/ZAP. O que nos mostra?

Mostra que, em Joinville, o valor do metro quadrado aumentou 13,5% em apenas 12 meses! A média nacional, no mesmo período, foi de 6,5%. Quer dizer: os imóveis (apartamentos e casas) em Joinville subiram de preço mais do que o dobro em relação ao valor médio apurado no país.

Mais ainda: somente neste ano, a valorização dos imóveis em Joinville já está em 8,4%, segundo o mais recente levantamento FIPE/ZAP.

Mais ainda: somente no mês passado, se valorizaram 3,5%!

De acordo com esta pesquisa, o valor médio do metro quadrado, em Joinville, chega a R$ 7.059,00. E, ao menos para os próximos anos, a tão temida bolha imobiliária parece não assustar construtoras e nem investidores.

Bem ao contrário. Para qualquer lado que se olhe, é fácil notar empreendimentos com autorização para construir e/ou prédios em construção. E aí, desde imóveis de alto padrão nas regiões dos bairros do centro expandido, até regiões com menos infraestrutura de serviços.

A intensa migração para o município e a escassez de terrenos disponíveis explicam a grande elevação dos preços. E, ainda, o retorno de clientes com foco em imóveis populares, no padrão Minha Casa Minha Vida, também ajuda a aquecer o mercado.

Mensalmente, centenas de pessoas procuram Joinville para trabalhar. Consequentemente, precisam encontrar local para morar. Vai daí, a lógica da lei da oferta e da procura se impõe naturalmente.

Santa Catarina (ainda) está em segundo lugar

O grau de competitividade de um município ou um Estado é um elemento importante para atrair, ou não, investimentos e novos negócios. O levantamento deste ano produzido pelo CLP, mantém SC na segunda posição no ranking nacional.

Muito bom. Palmas para SC.

Mas, calma. Em meio a indicadores nos quais mantemos destaque (segurança pública, por exemplo), há importantes pontos de atenção anotados no relatório atual.

O Estado de Santa Catarina perdeu seis posições no quesito Potencial de Mercado. Perdeu cinco posições no item Sustentabilidade ambiental e perdeu quatro posições no critério Educação.

A preocupação entre lideranças políticas e empresariais é grande, a partir da divulgação dos números.

A preocupação precisa, mesmo, ser grande. Não apenas pela estatística em si, – o que já é relevante, por óbvio -, mas por aquilo que ela embute.

Governadores, secretários de Estado, FIESC, e tantos outros, sempre encheram a boca para dizer que SC é uma terra diferenciada.

Esse discurso continua válido, sim. Porém, é necessário colocar alguns asteriscos nesta fala.

Olhar para o decréscimo no nível da Educação deve ser o primeiro ponto.
Compreender que a expansão econômica não deve comprometer as riquezas naturais e o meio ambiente também precisa constar da agenda das nossas lideranças.
E perceber que outros Estados avançaram no item Potencial de Mercado é fundamental para continuarmos sendo um Estado melhor do que a grande maioria.

O dever de casa está posto.

(Des)oneração da folha: o embate continua

“Não há estudos que comprovem que a desoneração (de tributos sobre a folha de pagamentos) gera empregos. O que gera empregos é o crescimento econômico”.

A frase é do senador Jacques Wagner, PT/BA, sobre projeto de sua autoria, que reonera, gradualmente, a folha de pagamento das empresas de 17 setores econômicos.

O PL 1847/24 é efeito de acordo entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional.

A lembrar: em 2023, a lei 14.784 prorrogou a desoneração até o final de 2027. Naquele momento, empresários de todos os quadrantes comemoraram porque iriam pagar menos impostos.

Agora, o que se pretende é reintroduzir a cobrança de tributos com alíquota de 5 por cento para o ano de 2025; dez por cento em 2026 e 20 por cento em 2027.

Quando houve a desoneração, o argumento mais utilizado era a necessidade de auxiliar empresas que tiveram muitos prejuízos com a pandemia.

Bem, a pandemia da COVID 19 já é História.

Máquina de lavar em vez de livros

Saem os livros e entram os eletrodomésticos e os celulares. Um dos espaços mais icônicos da história cultural do País fechou faz algum tempo: a famosa Livraria Cultura, dentro do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo.

A ascensão da internet e a redução de clientes obrigou a esse desfecho. Até aí, nada de novo.

A informação desta semana: aquele grandioso local de troca de informação e riqueza de ideias, vai se transformar em uma megaloja da Magazine Luiza.

Isso mesmo: sai a cultura e chega a máquina de lavar.

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