O Centro Público de Atendimento aos Trabalhadores de Joinville (CEPAT), está com 2.156 vagas de trabalho em aberto para variadas atividades profissionais. A informação é da prefeitura. Grande parte dos empregos ofertados são dos setores da indústria da construção civil e dos serviços – duas áreas com crescente demanda por profissionais.
A questão da falta de mão de obra para as empresas de diferentes perfis e tamanhos já está presente nas conversas cotidianas desde o fim da pandemia da COVID 19. Não é mais novidade. Então, vamos mostrar dados de pesquisas recentes e analisar seus efeitos. O Mapa do Trabalho Industrial, um estudo alentado feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sugere a necessidade de requalificar 11,8 milhões de trabalhadores na indústria, entre 2025 e 2027.
Também será essencial qualificar/formar outros 2,2 milhões de pessoas somente para atender demandas da indústria. Pesquisa semelhante realizada pela CNI já mostrava, que era necessário qualificar 9,6
milhões de trabalhadores no período 2022 a 2025.
Se as empresas continuam procurando gente para trabalhar, por óbvio – este contingente todo de trabalhadores não foi incorporado ao mercado, como era pretendido. O que procura a indústria? Os empresários querem gente capaz de se adaptar rapidamente a mudanças e a entender as tecnologias transformadoras do processo laboral. Também querem pessoas com senso de pertencimento, demonstrem proatividade e sejam criativos.
Os currículos mais procurados são aqueles das áreas de mecatrônica, análise de dados, inteligência artificial e conhecimento em economia verde. Um problema pouco comentado está no fato de que poucos adolescentes optam por cursos técnicos formadores de profissionais para a indústria, apesar dos imensos esforços do Senai em todo o País. Ainda: de acordo com a pesquisa da CNI, 52% dos jovens de 14 a 17 anos conhecem quase nada sobre as oportunidades de formação.
Daí, as extensivas campanhas das Federações de indústrias chamando para o que seriam
fatores de atratividade. Dada essa situação, outra pesquisa, esta feita em âmbito global pela Resume Builder, revela:
Contratar jovens de 14 a 29 anos (nascidos entre 1995 e 2010) é problema para os
recrutadores; 31% dos recrutadores não contratam esses trabalhadores; 30% dos recrutados nessa faixa etária são demitidos após 30 dias – ainda durante o período de experiência. Então, quais são os problemas mais frequentemente apontados nas entrevistas?
- Vestimenta inadequada: 58%
- Falta de contato visual: 57%
- Exigências salariais incompatíveis: 42%
- Dificuldades de comunicação: 39%
- Desinteresse: 33%
Mais ainda – e, parece inacreditável, mas não é: 1. Um em cada quatro jovens da geração Z levou os pais para a entrevista de emprego. 2. E 70% pediram ajuda aos pais para procurar emprego.
Este levantamento, feito pela Resume Templates, ouviu 1.428 candidatos a emprego…nos Estados Unidos. E o mais absurdo: 16% deles pediram para os pais enviarem requerimento para disputar uma vaga em seu nome. Tão ou ainda mais incrível: 10% dos entrevistados pediram para os pais escreverem o curriculum para eles. A mesma pesquisa concluiu que a geração Z: Não tem motivação Inabilidade para comunicação interpessoal, é impaciente, é imediatista.
Outra pesquisa, feita pela Delloite mostra:
- 46% deles estão ansiosos
- 39% estão estressados
- 21% estão com saúde mental ruim ou péssima.
E isso acontece porque eles têm dúvidas sobre a capacidade de sustentar a família. Outro levantamento também apresenta os problemas no ambiente de trabalho com aqueles jovens que conseguiram um emprego.
- São arrogantes: 60%
- Falta de ética profissional: 57%
- Atrasos no horário de jornada de trabalho: 34%
- Dificuldades gerenciais: 26%
- Atrasos em reuniões: 25%
- Dificuldades de relacionamento: 22%
- Mentiras no ambiente de trabalho: 21%
Neste amplo contexto, uma coisa é certa: os jovens não querem mais ter a carteira
assinada do Getúlio Vargas. Rejeitam ganhar menos de R$ 2 mil quando são confrontados
com exigências como: ter experiência; ter curso superior e preferencialmente pós
graduação; ter inglês intermediário; saber lidar com inteligência artificial; aceitar viver sob
pressão total continuamente; ter de ver e responder mensagens das chefias as 9 da manhã
aos domingos.
Desse jeito, os jovens não querem mais a carteira de trabalho típica do século passado. Querem ganhar dinheiro rapidamente. Acreditam que ser patrão é a solução. Há muitos que idolatram Pablo Marçal, como se viu nas eleições em São Paulo. Tornou-se moda ser “empreendedor”. Empreendedor de si mesmo, em milhares de vezes. Querem prosperar sem bater ponto. Sem chefe para lhes dizer o que e como fazer. Sim, as históricas relações de trabalho e a estabilidade acabaram.
Os jovens da geração Z rejeitam ganhar R$ 1.900,00 por mês trabalhando seis dias por um. Sabem que o carro popular custa R$ 80 mil e que para ter um apartamento de 35 metros quadrados precisa dispor ou financiar pelo menos R$ 300 mil. Distintas gerações mostram como mudou a sociedade e como ficou mais complexa a vida. Com 35 anos de idade, o avô tinha um terreno, uma casa, um carro. Atualmente, as
pessoas com 35 anos de idade tem um diploma, um celular, uma bike, um copo de Stanley e dívidas no banco. Diante disso tudo, quais são as profissões desejadas pelos jovens da geração Z?
- Digital influencier
- Mentor
- Youtuber
- Herdeiro
- Design de sobrancelhas
No tempo do avô, os influenciadores eram os pais, em casa; e o professor em sala de aula. E as profissões desejadas eram:
- Bancário no Banco do Brasil
- Engenheiro
- Advogado
- Médico
- Administrador
E para terminar, uma pergunta básica: o mundo melhorou?