Como blindar sua marca na era dos creators

Eles estão por toda parte. São capazes de nos convencer de qualquer coisa. Os melhores restaurantes, as marcas de moda mais desejadas, as viagens mais interessantes, os melhores serviços e até as ações mais importantes de governos e órgãos públicos.

Se você pensou em influenciadores digitais, acertou. Este mercado, que até pouco tempo era visto com desconfiança, amadureceu. Hoje, integrar criadores de conteúdo às estratégias de comunicação é algo comum e eficiente para marcas privadas, órgãos públicos e campanhas institucionais.

Mas como qualquer ferramenta de alto impacto, o uso de influenciadores exige cuidado. Não por ser arriscado em si, mas porque envolve elementos que escapam ao controle tradicional da comunicação: opinião, linguagem própria, posicionamento pessoal e engajamento com uma comunidade.

Um exemplo bem conduzido veio da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Ao explicar o papel das bancadas regionais, a ALESC produziu vídeos com influenciadores e personalidades locais, em linguagem acessível e conteúdo educativo. Tudo isso com respeito à diversidade regional e foco na mensagem institucional. O resultado foi engajamento positivo e reconhecimento da campanha. Sem ruídos.

Já no universo privado, vimos recentemente o desgaste de uma marca lançada por uma influenciadora famosa: a base “dermomake” da WePink, de Virginia Fonseca, foi anunciada como produto de skincare com ativos dermatológicos. O marketing foi agressivo, mas a reputação não sustentou a promessa. Em poucos meses, foram mais de 70 mil queixas no Reclame Aqui. A crise não respingou só na influenciadora, mas comprometeu a marca inteira.

A diferença entre um caso e outro não está apenas na escolha dos nomes, até porque Virgínia tem uma comunidade imensa e forte. O problema está na forma como a estratégia é conduzida. Influência não é só sobre espaço publicitário — é relacionamento construído com base em confiança, coerência e relevância contínua. 

Quem influencia de verdade não vende um produto: entrega uma percepção, uma sensação de pertencimento e uma curadoria que as pessoas aprendem a respeitar com o tempo. Por isso, escolher um influenciador não é como contratar um banner. 

É associar a marca a um histórico, a um estilo de vida, a um discurso público que, uma vez em conflito com os valores institucionais – ou quando a promessa não é cumprida -, pode comprometer muito mais do que uma campanha. Pode afetar a reputação e a credibilidade dos envolvidos.

Mas como blindar sua marca, seu governo, sua empresa?

  • Planejamento estratégico: o influenciador precisa estar inserido em uma campanha com objetivos claros e mensagem bem definida.
  • Critério na escolha: analise não só os números, mas os valores, histórico e coerência com a marca.
  • Briefing estruturado: oriente sobre o tom, os objetivos e os limites da campanha.
  • Contrato com cláusulas reputacionais: sim, é possível prever responsabilidades em caso de exposição negativa.
  • Monitoramento constante: influenciador não é mídia programada, portanto exige escuta, alinhamento e acompanhamento.

Feita com profissionalismo, a estratégia de influência aproxima, engaja e gera resultado. Feita de qualquer jeito, vira crise.

Quer sugerir assuntos para a coluna?
Escreva para almada@allpresscom.com.br

Os colunistas são responsáveis pelo conteúdo de suas publicações e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Upiara.