Conhecer o cliente: a chave da advocacia empresarial contemporânea. Por Andréia Dota Vieira

Artigo de Andréia Dota Vieira, advogada e Conselheira Federal da OAB por Santa Catarina

O IV Congresso Brasileiro de Processo Civil, realizado em Florianópolis nesta semana, reuniu grandes referências da advocacia nacional para refletir os caminhos do Direito frente aos desafios do nosso tempo. Tive a honra de participar do painel sobre processo empresarial, ao lado de colegas brilhantes, com quem compartilhei uma certeza que vem se fortalecendo em minha atuação: a advocacia do presente precisa compreender profundamente quem é o seu cliente, antes de oferecer qualquer solução jurídica.

Nos últimos anos, temos assistido a uma transformação significativa na forma como conflitos empresariais são resolvidos. Os processos tradicionais, muitas vezes longos e custosos, têm sido substituídos por mecanismos mais céleres e eficientes, como a arbitragem, a mediação e outras formas consensuais de solução de litígios.

Essa mudança de paradigma exige que o profissional do Direito não apenas domine a técnica processual, mas que também desenvolva habilidades interpessoais e estratégicas. Isso porque a melhor solução para um conflito jurídico raramente será encontrada em fórmulas prontas ou decisões genéricas. Ela nasce do diálogo, da escuta e do profundo conhecimento da realidade empresarial do cliente.

No painel que integrei, destacamos a necessidade de uma advocacia orientada por inteligência, ética e personalização. A atuação em processos empresariais demanda sensibilidade para lidar com diferentes perfis de empresas, setores econômicos e contextos de mercado. Demandas semelhantes podem requerer caminhos jurídicos distintos, e essa percepção refinada é o que diferencia o advogado que apenas litiga daquele que entrega resultados sustentáveis e alinhados aos objetivos do cliente.

Outro ponto de destaque foi a crescente valorização da arbitragem como ambiente natural de solução de disputas empresariais, especialmente em causas de maior complexidade técnica. Ainda que o acesso à arbitragem ainda seja limitado a determinados segmentos, sua expansão demonstra como o Direito pode, e deve, se adaptar às exigências do mundo dos negócios, sem perder sua base constitucional e institucional.

Como conselheira federal da OAB por Santa Catarina, levo dessa experiência a convicção de que debates como o deste Congresso fortalecem a advocacia e atualizam nosso compromisso com uma Justiça mais eficiente, acessível e conectada à realidade. A OAB, como casa da cidadania, deve estar atenta a esses movimentos e promover o protagonismo da advocacia empresarial, que vem transformando não apenas a maneira de litigar, mas a forma de pensar o Direito.

Ao final, deixo a reflexão central do nosso painel, que ecoou entre os participantes: Conheça o seu cliente. Não tenha soluções prontas. Essa é, sem dúvida, a maior lição para uma advocacia estratégica, ética e transformadora.

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