Por Claudia Bressan
Ano de eleição sempre preocupa não só as equipes de campanhas, mas também as instituições envolvidas com o processo eleitoral. Com isso, a inteligência artificial, cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, com o uso dos algoritmos que estabelecem e criam os perfis de cada grupo de eleitores via redes sociais, alteraram, e muito, a forma de fazer uma campanha eleitoral.
A dark web, considerada o velho oeste da internet, que é uma camada de nível superior da web, considerado um lugar sem regras ou censura, nem sempre é utilizada para o lado ruim. Pois, o que diferencia a ilegalidade com o uso da dark web é o meio para qual ela é usada, sendo que acessar essas camadas superiores da internet nem sempre é algo ilegal.
O maior diferencial para os bens intencionados usuários da “dark ou deep” é a manutenção do anonimato. Muitos dos sites da “dark” fornecem acessos a materiais educacionais, serviços seguros sem deixar rastro e não armazenam o registro da atividade de cada usuário. Acessar a web utilizando navegadores de rede especiais cria, na verdade, uma camada de proteção que possibilita a comunicação de forma anônima.
Porém, para acessar essa camada da internet, alguns cuidados são essenciais para proteger a sua privacidade, como o uso de uma VPN (rede privada virtual, que protege seu tráfego na internet), que cria um verdadeiro túnel criptografado, cujo objetivo é evitar a invasão de acesso por pessoas nem sempre bem intencionadas, como proteção a ataques hackers quando é acessado apps de bancos, por exemplo.
Quando associamos a “dark” ou “deep” web as campanhas eleitorais, automaticamente pensamos em algo negativo, pois muito do que circula nessas camadas da internet é conteúdo que leva à desinformação (fakenews). Hoje, esse é o grande desafio das grandes campanhas eleitorais e das instituições envolvidas, ou seja, combater o uso desenfreado das notícias falsas e manipuladas que visam interferir diretamente na decisão do eleitor e mudar o rumo de eleição e no Estado Democrático de Direito.
Por isso, considero que o grande desafio da eleição é estimular que cada eleitor possa criar sua consciência e desenvolver seu senso crítico a fim de combater o compartilhamento da desinformação e o uso responsável dessas camadas da internet, cujo objetivo essencial e dar maior privacidade ao usuário e não o acesso e disseminação de conteúdos ilegais.
Claudia Bressan é advogada é mestre em Direito pela UFSC.