Nos últimos dias, diversas movimentações partidárias em Santa Catarina, como filiações e manifestações de apoio, mostraram a falta de representatividade de mulheres nos eventos e reuniões que definiram alguns dos rumos da política no estado. Questionada, a presidente do União Brasil Mulher, Cíntia Queiroz Loureiro, comunicou a saída do cargo, oficializada na segunda-feira, 19. “Estou cansada, estou decepcionada”, afirma.
A arquiteta e urbanista foi primeira-dama de Florianópolis durante a gestão do marido, Gean Loureiro, e teve protagonismo à frente de diversos projetos e ações, ao exemplo do SOMAR Floripa, rede solidária do município.
– Não sou mulher de ficar me escondendo atrás de sobrenome. Sei que tive oportunidades de aproveitar espaços pelo fato de ser mulher do Gean, mas, assim como outras mulheres, eu construí uma caminhada que precisa ser respeitada – destaca Cíntia.
O desabafo tem justificativa em diversas questões que envolvem a participação da mulher no cenário político. Uma delas diz respeito à propaganda partidária, que deve cumprir 30% de participação de mulheres.
– Eu vi a propaganda pronta, não fui consultada. As decisões sobre a participação de mulheres foram de homens – explica.
MULHERES PRECISAM “BATER NA MESA
Presidente da Federação das Câmaras de Vereadores de Santa Catarina (Uvesc), Marcilei Vignatti (PSB), destaca que a participação das mulheres nas decisões políticas só será possível quando a mulher “bater na mesa”e não aceitar “de goela abaixo” as definições.
– Quando fui convidada para participar da eleição da Uvesc era para compor uma chapa liderada por um homem. Respondi que só aceitaria se eu fosse a presidente. Foi o caminho para colocar uma mulher na presidência, depois de 50 anos de história da instituição. Ou a gente muda o jogo, ou ninguém vai mudá-lo por nós – afirma.
Texto: Soledad Urrutia
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