O presidente do Sebrae nacional e ex-deputado federal, Décio Lima (PT), evitou cravar se disputará o governo do Estado ou o Senado nas eleições de 2026. Em entrevista exclusiva concedida na Assembleia Legislativa, no gabinete do deputado estadual Noedi Saretta (PT), o petista afirmou que seu nome está à disposição do projeto nacional de reeleição do presidente Lula (PT), mas ressaltou que a definição da vaga na chapa majoritária não será uma escolha pessoal, e sim fruto de uma construção coletiva.

Ao ser questionado sobre a reafirmação de seu nome pelo PT catarinense após a eleição do deputado estadual Fabiano da Luz, seu aliado, para a presidência estadual da legenda, Décio enfatizou o caráter de missão política acima da ambição por cargos. Ele concorreu a governador em 2018 e em 2022.
– Eu vou estar na causa. Isso é que é importante. A decisão nunca será minha. Nós somos de uma construção muito horizontal. Tem a palavra final da orientação do presidente Lula, tem os valores da aglutinação partidária – afirmou.
Para o ex-deputado, o cenário para 2026 exige superar a dicotomia tradicional entre esquerda e direita, focando na defesa das instituições e na busca por um modelo de governança alinhado aos “interesses difusos” do povo catarinense.
Cenário Nacional
Comentando o momento político do país, marcado pela confirmação da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Décio Lima classificou o contexto atual como uma “obrigação geracional” de consolidação do processo democrático.
– Não se trata de ser esquerda ou direita. Trata-se da defesa da democracia. A disputa que está no ano que vem, ela é muito mais relevante às vezes do que a visão apenas do modelo de Estado que nós queremos – disse.
Governo Jorginho Mello
Sobre a relação com o atual governador Jorginho Mello (PL), Décio prometeu manter o nível de civilidade, garantindo que não fará oposição baseada em ataques pessoais, mas na comparação de resultados. Ele criticou, no entanto, a postura do governo estadual em relação aos recursos federais.
– Negar o governo federal é negar aquilo que poderia ter sido mais intenso na entrega ao povo de Santa Catarina. E além disso, às vezes, uma visível desfaçatez. O governo federal vem e entrega, e dizem que aquilo ali não é do governo federal.
Movimentos ao Centro, unidade à Esquerda
Ao tratar das alianças para 2026, Décio Lima delineou dois caminhos complementares, porém distintos. O primeiro envolve a aproximação com o PSB em Santa Catarina, que busca aproximação com o ex-senador Paulo Bauer (ex-PSDB) e espelhada na aliança nacional entre Lula e Geraldo Alckmin, outro ex-tucano. Para Décio, esse movimento representa a superação de divergências históricas em nome da democracia.
– O Geraldo Alckmin é um dos brasileiros que me surpreende a todo momento por tudo aquilo que ele está construindo do ponto de vista da ética, do humanismo. O valor mais fundamental que nós podemos imaginar nesse momento é o perdão. É o mais difícil, mas é o mais importante.
Em outra vertente, Décio Lima celebrou a consolidação da aliança com a esquerda, citando o PSOL. Diferente do movimento de “perdão” e ampliação ao centro, a relação com o PSOL é tratada como um alinhamento natural e de gratidão pelo apoio informal recebido no segundo turno de 2022. Décio destacou a presença de Guilherme Boulos (PSOL) no ministério de Lula, com a Secretaria-Geral da Presidência importante como sinal dessa integração.
– Estou muito feliz porque eles [PSOL] estão vindo conversar, estão vindo nos nossos eventos. Eu acredito que o lugar do PSOL nessa trajetória é estar conosco – afirmou.






