Um pouco de história: há exatamente dez anos, em 27 de junho de 2014, foi instalado o equipamento de segurança de aproximação de aviões no aeroporto de Joinville. Na época, foi comemorado por empresários e prefeitura porque permitiria pousos e decolagens, mesmo em condições climáticas desfavoráveis. Principalmente após as 18 horas.
De fato: nos 12 meses depois da sua instalação na cabeceira 33 do aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, de junho de 2014 a junho de 2015, 101 voos seriam cancelados, se não houvesse o equipamento.
“Só um voo foi cancelado neste período por questão climática” recorda o empresário Jalmei Duarte, que, em 2014, era secretário de Desenvolvimento Econômico de Joinville.
A batalha para conseguir a vinda do equipamento para o aeroporto de Joinville uniu as lideranças empresariais e políticas do município. Após muitas reuniões (no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro; na sede da Secretaria de Aviação Civil, em Brasília, e pelo menos um ano de conversações com representantes do Ministério da Aeronáutica, da SAC, da Agência Nacional de Aviação Civil, do Sindacta, o equipamento foi homologado, comprado e instalado. O ILS-1 colocou Joinville na rota das companhias aéreas, uma vez superada a questão de segurança de voo. Já não era um aeroporto fantasma.
Um dos personagens essenciais na luta conjunta para a instalação desse equipamento foi o então superintendente do aeroporto de Joinville, Rones Heinemann. Desde então, ao longo desta década, Joinville ainda sofre.
Não mais porque o aeroporto é inseguro. O problema é tão grave quanto, mas de natureza comercial. Em 2024, quem quer voar a partir de Joinville, só tem três destinos: Congonhas, em São Paulo; Guarulhos ou Campinas. E com poucas frequências diárias. Eventualmente, se faz teste para sentir receptividade para um voo a Porto Alegre.
Esse problema continua sem solução: os preços das viagens com origem ou destino Joinville são altos por que a demanda é pequena? Ou são altos porque as companhias aéreas preferem colocar suas aeronaves nos aeroportos de Curitiba ou Navegantes?
Sim. A terceira maior economia do Sul do País, com população local e em seu entorno superior a 1 milhão de pessoas, continua a passear pela BR-101 e BR-376 para voar diretamente a Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro… Se em 2014, o aeroporto não oferecia segurança para pousos e decolagens, as rodovias federais certamente sempre foram perigosas.
E são cada vez mais perigosas. Prefeitura e associações empresariais e de classe se conformaram com a situação. Ao menos, é o que mostra a realidade atual: custos e tempo de deslocamentos já constam, faz tempo, das planilhas das indústrias e de empresas de outros ramos quando escalam seus profissionais para viagens aéreas.