Há alguns dias, um senhor levou sua cachorrinha de 12 anos, que está com um tumor, para ser tratada na Dibea (Diretoria de Bem-Estar Animal) de Florianópolis. Ele já havia consultado outros veterinários anteriormente, mas não tinha o valor necessário para os exames e para a provável cirurgia. Durante a consulta no órgão municipal, a veterinária solicitou 10 exames de sangue e quatro ultrassonografias. Junto ao pedido dos exames, ele recebeu uma notificação de ocorrência de maus-tratos e um Termo de Ajuste de Conduta, que dava 10 dias para que ele retornasse com todos os exames realizados, para posterior encaminhamento cirúrgico.
Há algo fora do normal nesta ação. O senhor tentou buscar recursos para sua cachorrinha, mas não tinha dinheiro para realizar os procedimentos pedidos na primeira e também na segunda clínica, ambas particulares. Fez o certo, buscou a Dibea, que oferece atendimento veterinário público gratuito. Chegando lá, foi tratado como alguém que não estivesse disposto a cuidar do animal?
Se a situação é de maus-tratos, por que ele procurou insistentemente atendimento para sua cachorra? Parece que a questão dele era apenas falta de dinheiro… E, ainda assim, a veterinária que os atendeu sequer ofereceu qualquer exame gratuito, sendo que o senhor deve ter falado de sua condição financeira.
Se houve maus-tratos — e eu realmente acredito que houve —, foi com o senhor, que, mesmo se deslocando de um lugar distante para dar atenção à sua cachorrinha castrada, foi ameaçado, justamente por ter buscado recursos para o animal em um local gratuito. Que eu saiba, falta de dinheiro ainda não é crime!
A Dibea precisa rever os seus conceitos de maus-tratos e começar a atender dignamente à população pobre, que, em sua grande maioria, é o público que recorre à Dibea. Afinal, a Diretoria do Bem-Estar Animal foi criada justamente para atender a este público sem condições financeiras para tratar de seus animais.