José Márcio Camargo, é claro em sua análise sobre cenário econômico brasileiro: “ a deterioração vai continuar e a fala do presidente Lula, nesta quarta-feira, só reforça isso”. O governo vem num processo de elevação de despesas públicas desde antes de tomar posse, já com a PEC da transição, ainda em 2022.
Fatores como aumento do salário mínimo e outros gastos afetam metade do orçamento federal. O déficit público deverá bater em 1 por cento do PIB.
A reação do mercado ao que disse Lula nesta manhã, ( corte de gastos pode não ser necessário e aumento das receitas sim) foi imediata: o dólar pulou para R$ 5,43.
“Os preços dos ativos indicam a trajetória. Dólar em alta, juros futuros (para o longo prazo) já estão em 12%, 13%. E, muito importante: os investidores deixam de investir” argumenta o economista.
Camargo explica: “os investimentos estão caindo e teremos problemas adiante. Com capacidade de investimentos menor e crescimento do consumo, será natural a inflação subir e as importações também aumentarem”.
Claro, então, que os setores ancorados no consumo se beneficiam no curto prazo. As políticas de transferência de renda provocam esse efeito.
Mas, reentemente, o Congresso impôs grave derrota ao governo, quando devolveu, sem
analisar, a PEC que elevaria custos tributários para as empresas. “Foi um chega pra lá, depois de enorme pressão empresarial sobre os parlamentares” resume Camargo. O economista-chefe do Banco Genial dá pistas sobre o ambiente macroeconômico a partir das eleições municipais de outubro.
“Se o PT perder em todas as capitais importantes, o cenário será um: os empresários e investidores poderão compreender que é possível uma correção de rota. No caso do PT ganhar em São Paulo, em Belo Horizonte, por exemplo, o olhar será outro, ainda mais desalentador. José Márcio Camargo faz palestra na ExpoGestão, nesta quarta-feira.