Eleições na Índia: O poder do voto, das telas, dos influenciadores e dos memes

Na vibrante xadrez das eleições da semana que passou na Índia, a saga política se desenrolou em um palco digital, onde estratégias bélicas e a ressonância das mídias sociais moldaram o curso do destino político do país.

O primeiro ato desta peça eleitoral foi liderado pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e seu partido, o Bharatiya Janata Party (BJP). Sob os holofotes das plataformas sociais, termos como “Vote Jihad” foram arremessados como projéteis retóricos, destinados a provocar uma tempestade de controvérsia e divisão. A narrativa, habilmente tecida para pintar uma sombra sobre a comunidade muçulmana, encontrou eco em corações e mentes, ecoando pelas vastas terras virtuais do Facebook, Tiktok, Instagram e WhatsApp.

Mas esta não era apenas uma história de palavras; era uma narrativa visual, alimentada pela inteligência artificial (IA) em uma mistura de truques tecnológicos. Os vídeos deepfake, habilmente projetados para retratar figuras políticas e até mesmo celebridades já falecidas, dançaram nas telas dos eleitores, semeando dúvidas e incertezas.

Enquanto isso, nos bastidores, as plataformas de mídia social, como guardiãs da informação, lutavam para manter o equilíbrio frágil entre a liberdade de expressão e a responsabilidade cívica. Seus esforços para conter a maré de desinformação maliciosamente disseminada ainda são questionáveis, deixando uma nuvem de incerteza sobre a integridade do processo democrático.

Mas entre os fluxos tumultuosos de tweets e mensagens, um novo ator emergiu no cenário político: os influenciadores digitais. Nas estratégias digitais de todos os lados, sua influência desenfreada e indomável, combinada com a magia dos deepfakes, desafia até mesmo os pilares mais sólidos da verdade.

À medida que a Índia navega pelas águas turbulentas da política moderna, a necessidade de uma comunicação política mais transparente e inclusiva se torna mais evidente do que nunca. Nas eleições na Índia, as urnas testemunharam mais do que apenas o poder do voto; elas testemunharam o poder das telas, das hashtags e dos memes. É hora de transformar esse poder em um instrumento para promover a participação cívica e fortalecer os alicerces da democracia.

Marcello Natale

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