Empregados da Celesc denunciam precarização; governo nega privatização

Foto: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Empregados da Celesc criticaram a terceirização de mão de obra na companhia e afirmaram que há precarização das condições de trabalho com o intuito de privatiza-la. O assunto foi discutido durante audiência pública promovida na manhã desta quarta-feira (9) pela Comissão de Economia da Alesc, na presença de deputados, diretoria da Celesc e dirigentes de entidades que representam os empregados da empresa.

Conforme o proponente do encontro, deputado Fabiano da Luz (PT), o objetivo do debate foi ressaltar a importância da manutenção da Celesc como empresa pública estadual, afastando ameaças de privatização. “Temos que manter essa empresa que detém o que é essencial para o ser humano, como energia, que ela seja nosso patrimônio, mantido como algo de todos os catarinenses”, comentou o parlamentar.

Durante a audiência, os participantes enalteceram a Celesc, considerada uma das melhores empresas do ramo no país. Destacaram, também, os lucros obtidos pela companhia. No entanto, os representantes dos empregados criticaram a atual gestão à qual, segundo eles, tem sido responsável pelos problemas apontados.

Negativa
O líder do governo na Alesc, deputado Ivan Naatz (PL), e o secretário de Estado da Casa Civil, Kennedy Nunes, garantiram que o governo não discute a privatização da Celesc. “Não há no governo e nunca houve qualquer conversa sobre privatização. Essa hipótese está fora de cogitação”, afirmou Naatz.

“O governador Jorginho Melo defende que a Celesc tem que entregar mais, que o lucro seja reinvestido para os clientes, e isso está se confirmando nos investimentos em rede trifásica, por exemplo”, completou Kennedy. “Empresas estavam ameaçando sair do estado por causa de problemas com energia, e a Celesc trabalha para que seus resultados sejam aplicados para que mais empresas venham para cá.”

Estratégia
Mas para os representantes dos empregados da Celesc, há uma estratégia para precarizar os serviços prestados pela empresa, que serviria de justificativa para sua privatização. Eles apontaram excesso de funcionários terceirizados, más condições de trabalho e fizeram críticas à atual direção da companhia.

“Somos trabalhadores e estamos sentindo na pele o desmonte da Celesc. Pela primeira vez, o número de terceirizados é superior ao de concursados”, afirmou Mário Jorge Maia, o Marinho, da Intercel. Ele informou que há uma defasagem de 487 empregados, sucateamento de frota e falta de diálogo com a atual presidência da companhia. “O governador fala em Celesc pública, mas o presidente indicado por ele está na contramão disso.”

Paulo Guilherme Horn, representante dos empregados no Conselho de Administração da Celesc, afirmou que os indicadores de qualidade de empresa tem apresentado queda e atribuiu esse resultado à precarização do trabalho e à preocupação excessiva com o lucro. Ele também ressaltou que se o governo defende a Celesc pública, a gestão da companhia está na contramão.

“Não adianta escutar que a empresa será mantida pública se a grande maioria do trabalho é entregue para a iniciativa privada por meio da terceirização. O que os trabalhadores sentem é uma precarização típica de empresa privada”, afirmou. “Do jeito que a Celesc está sendo administrada, o prejuízo para a sociedade não vai demorar para aparecer.”

O presidente da Celesc, Tarcísio Rosa, apresentou dois vídeos que enaltecem o trabalho e os investimentos da companhia. Ele reconheceu problemas no atendimento da empresa, alvo de reclamações em todo o estado desde o ano passado, mas afirmou que essas questões serão superadas.

“A Celesc, pública ou não, precisa ter lucro”, disse o presidente. “E parte desse lucro volta para investimentos na própria empresa, para o Estado, para os sócios e também para os trabalhadores, que terão direito a até R$ 54 milhões referentes ao lucro do ano passado.”

Rosa afirmou que a diretoria recentemente autorizou a contratação de mais 63 empregados próprios. “Uma empresa tem que ter cuidado com seus empregados e apresentar resultado para a sociedade e para os acionistas. Tem que ser lucrativa também e crescer. Empresa que não cresce desaparece.”

Manifestações
Os deputados Matheus Cadorin (Novo), Marquito (Psol), Dr. Vicente Caropreso (PSDB) e Padre Pedro Baldissera (PT) também participaram da audiência. Cadorin ressaltou os indicadores positivos da companhia, como a segunda menor tarifa de energia do país e o melhor tempo médio de atendimento emergencial.

Já Dr. Vicente, Marquito e Padre Pedro defenderam a manutenção da Celesc como empresa pública catarinense. “Foi a Celesc que teve um papel importante no reestabelecimento da eletricidade no Rio Grande do Sul, após as chuvas no ano passado, enquanto a empresa que comprou o sistema elétrico gaúcho não deu conta”, disse Dr. Vicente.

Para Marquito, há um processo de sucateamento da Celesc. Ele também criticou as terceirizações na companhia. “O número de concursados vem diminuindo. É um caminho para diminuir a qualidade do serviço e justificar a privatização”, considera.

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