Em entrevista exclusiva para a coluna, o prefeito de Joinville, Adriano Silva (NOVO), falou sobre acertos, frustrações, migração, financiamentos, e de política.
A seguir, os principais trechos da entrevista feita nesta quinta-feira, dia 6 de junho, no gabinete do prefeito.
A gestão está no seu último ano. O que deu certo e o que deu errado nestes anos no comando da prefeitura do mais populoso município catarinense?
Adriano Silva – O que deu certo: tenho um time técnico, eficiente. E sem egos inflados. Isso também se reflete nos servidores. Estão motivados. Passaram a responder para gestores técnicos e também são ouvidos. Um exemplo é o das unidades de obras. O trabalho flui, as respostas para as demandas da população acontecem mais rapidamente.
Também temos o apoio da grande maioria dos vereadores e eles também estão sendo reconhecidos pela representatividade em seus bairros.
E o que poderia ter sido melhor?
Adriano – Frustrações? A questão burocrática. Gostaria de ter avançado bem mais nas parcerias-publico-privadas (PPPs) . A PPP da iluminação pública, por exemplo…está no Tribunal de Contas. Estes processos demoram de três a quatro anos. Pensei que poderia ser mais rápido.
E temos, ainda os encaminhamentos para concessão do Centreventos Cao Hansen, dos cemitérios, da Arena Joinville, do Mercado Público…
O do Centreventos está mais adiantado. Está na fase de análise de documentos apresentados pelo Instituto Festival de Dança, que ganhou a licitação. O próximo governo terá um leque bem encaminhado de PPPs para implementar.
Joinville cada vez mais recebe migrantes que procuram empregos e moradias. Qual é a política habitacional do município?
Adriano – Joinville é uma cidade que continuará crescendo. Polo econômico diversificado, atrai muita gente. Para o poder público é um desafio.
No passado, Joinville foi impactada por invasões em áreas de preservação ambiental e de morros. Era consequência da ausência de produtos (imóveis) adequados.
Já fizemos contenção de invasões com pessoal da Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Infraestrutura, de Habitação.
E a política habitacional?
Adriano – Projetos de construções de empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida estavam travados na Secretaria de Meio Ambiente no começo de nosso mandato. Criamos uma gerência específica, que cuida de analisar grandes projetos, em tamanho, e os de interesse social.
Havia mais de dez loteamentos residenciais e que não eram homologados. Sem aumentar a área urbana, que é errado.
Mas está para acontecer o aumento com a área de expansão urbana Sul.
Adriano – Mas lá será para implantação de empresas.
Precisamos adensar a cidade. Na região Sul, por exemplo, a Rotas, Rôgga, a Roma estão com projetos e obras significativas.
E na Vila Cubatão, projeto próprio da prefeitura permitirá a construção de 150 casas. Saímos da ideia de fazer grandes empreendimentos com uma única entrada. Serão menores e mais integrados ao meio, ao contexto social.
No campo financeiro, a prefeitura perdeu a chance de receber financiamento de R$ 200 milhões do Banco do Brasil.
Adriano – O ministro da Fazenda, o Haddad, mudou retroativamente, o cálculo que determina fluxo de caixa no curto prazo. Acredito que uma nova regra deveria valer para os anos futuros, e não a partir de anos anteriores.
A prefeitura pensa em tomar alguma atitude para reverter isso?
Adriano – Estamos estudando a possibilidade de entrarmos com um mandado de segurança. A Procuradoria está fazendo as análises técnicas e jurídicas.
O desastre climático no Rio Grande do Sul acendeu alguma luz amarela?
Adriano – Criamos o núcleo permanente de desassoreamento de valas e rios. Mais de 3 mil caminhoes caçamba de areia já foram retirados. Estamos fazendo a maior dragagem do Rio Águas Vermelhas, na região dos bairros Vila Nova, Morro do Meio e Jativoca. Investimento soma R$ 30 milhões.
Como estão as contas da prefeitura?
Adriano – A prefeitura está saneada. O próximo governo terá capacidade para realizar obras e captar financiamentos.
Ainda há um enorme atraso na pavimentação de ruas…
Adriano – Ainda há 200 mil joinvilenses que moram em ruas sem nenhuma pavimentação, com ruas de barro. Infelizmente este trabalho não consegue ser rápido. A gestão pública precisa ser responsável com o dinheiro. Não dá pra fazer um empréstimo de R$ 2 bilhões e deixar a conta para os futuros governantes.
O senhor é candidato e disputará a reeleição. Considera que pode ganhar no primeiro turno?
Adriano – Fazemos o melhor, um trabalho para nos reelegermos. Mas não existe eleição ganha antecipadamente.
Jorginho Melo é um malvado ou é um bom menino?
Adriano (sorrindo, pensa na resposta) – A nossa relação é boa. Tem de obrigatoriamente ser boa por conta dos compromissos que ambos temos. Eu gostaria de estar com os partidos (NOVO, do prefeito; e PL, do governador) mais alinhados.
A direita, no Brasil, deverá estar unida em 2026 para ter um candidato para tirar o atual governo de lá.