
Bolsonaro está na linha de frente dos que patrocinam a mais inacreditável chantagem
política da história bilateral de 201 anos entre o Brasil e os Estados Unidos.
Eduardo Bolsonaro, sim, ele comanda os ataques. Ele mesmo, que se autoexilou nas terras
do Tio Sam para, de lá, promover o ódio contra autoridades brasileiras, especialmente
contra os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Agora, quando estamos vivenciando uma crise política com reflexos diretos nos negócios
dos exportadores brasileiros para os Estados Unidos, ele, Eduardo Bolsonaro, de novo,
esclarece o que pensa e confirma, em declaração a órgãos de imprensa sérios:
“ Trabalho para que não encontrem diálogo”
.
Essa é a mensagem da extrema direita brasileira.
Muito triste.
Curiosamente, os empresários brasileiros –
, catarinenses também, por óbvio – rejeitam
qualquer aproximação com o ideário
de centro esquerda. Votaram – e financiaram – massivamente Jair Bolsonaro e outros
políticos aliados, desde 2014.
Agora – suprema ironia – são as atitudes do clã Bolsonaro, sob a capa imperialista de
Donald Trump, que causam o maior prejuízo econômico das últimas décadas aos
empresários. Inclusive aos que são – e são inúmeros – seguidores do bolsonarismo.
Passaram-se duas semanas sem abertura para uma conversa entre os dois governos
porque o governo americano anunciou sobretaxa de 50 por cento para todos os produtos
brasileiros, a partir de 1 de agosto, sem sequer responder às tentativas da diplomacia
brasileira.
A três dias da sobretaxa entrar em vigor, há uma possibilidade de diálogo entre Lula e
Trump.
Evidentemente, Brasil e Estados Unidos são países soberanos e independentes. Daí, é
lógico que uma conversa entre os dois presidentes terá de acontecer sem nenhuma
sujeição, sem subordinação.
Trump já humilhou o presidente da Ucrânia, Zelensky, em público, com transmissão ao vivo,
pela televisão, para o mundo todo.
Lula não vai – e não pode – tolerar algo semelhante.
Soberania não se negocia.
Por isso mesmo, a conversa, se houver, precisará se limitar aos aspectos econômicos
derivados do tarifaço anunciado.Se não houver acerto, os industriais e o agronegócio brasileiros vão perder bilhões de reais.
Porque não será possível transferir exportações para outros mercados no curto prazo.
A questão é delicada. A União Europeia, o Reino Unido, Japão, Tailândia, Vietnã, Indonésia
e Filipinas fecharam acordos.
Entre os países relevantes, Canadá, México e Brasil ainda não.
Importante detalhe: o Brasil é o único dentre estes países, que têm déficit comercial com os
Estados Unidos, que quer dizer que no caso brasileiro o tarifaço de 50 por cento decorre
unicamente por razões políticas.
Trump quer mandar no STF. Trump quer ditar regras na nossa democracia e na nossa
diplomacia. E isso é absolutamente inaceitável sob qualquer aspecto econômico ou
ideologia política.
Este tema – e suas graves consequências econômicas, com fechamento de empresas e
desemprego – será pauta central do debate eleitoral de 2026, quando novamente dois polos
absolutamente antagônicos vão se digladiar nas redes sociais e nas urnas.
É inegável que o grupo político que apoia os Bolsonaro é ardoroso defensor de Trump e do
boné MAGA, com o seu slogan “Make América Great Again”
.
A conclusão é óbvia e clara: este grupo político brasileiro está ajudando a destruir fábricas,
negócios e milhares de empregos no Brasil. E auxiliando Trump, que se acha o imperador
do mundo.
Acontece que daqui a três anos, Trump não será mais presidente dos Estados Unidos e as
relações com outros países poderão ser mais civilizadas.
Mas, o problema posto agora exige solução rápida e isso interessa a grandes grupos
econômicos multinacionais de ambos os lados. O tempo corre.
A pergunta a se fazer em 2026: os grandes e médios empresários brasileiros vão financiar
campanhas eleitorais dos Bolsonaros e de seus adeptos, no próximo ano, depois que já se
identificou a causa primária da crise econômica e de suas consequências para os donos do
capital?
Resposta: vão.
E por dois motivos simples: 1. Eles nao colocam dinheiro grande nas campanhas de
candidatos da esquerda, a não ser que saibam que a esquerda vai ganhar as eleições.
Mais natural é compor seus interesses depois pela via dos lobistas em Brasília.
2. O chamado centro democrático não consegue apresentar, ainda, um nome viável
eleitoralmente.Restam, então, nomes muito identificados com o extremismo bolsonarista.
A acompanhar.